Dissertação avalia esquema terapêutico contra leishmaniose cutânea

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Autoria: Marina Faillace de Amorim
Orientação: Patrícia Sampaio Tavares Veras
Título da dissertação: “Desenvolvimento da formulação contendo o fármaco 17-DMAG impregnado em membrana de celulose bacteriana para compor esquema terapêutico contra leishmaniose cutânea”
Programa: Pós-Graduação em Patologia
Data de defesa: 16/12/2021
Horário: 09h00
Local: Sala virtual do Zoom

RESUMO

A leishmaniose é uma doença tropical negligenciada, endêmica em mais de 90 países e, no Brasil está presente em todas as regiões, sendo considerada um problema de saúde pública. As manifestações clínicas variam entre formas cutâneas, que apesar de não serem fatais causam estigma social, e a visceral que, por sua vez, pode ser fatal. Sua transmissão ocorre por meio da picada de flebotomíneos fêmeas que, durante o repasto sanguíneo, inoculam promastigotas de Leishmania presentes em sua saliva. As promastigotas, então, infectam as células hospedeiras e se diferenciam na forma amastigota. Os tratamentos atuais mais utilizados são os antimoniais pentavalentes, além da Anfotericina B, pentamidina, paramomicina e miltefosina, porém, limitações como efeitos colaterais, aplicação invasiva, longos ciclos de tratamento, falha terapêutica ou alto custo levam o abandono do tratamento. Esses dados mostram a necessidade do desenvolvimento de novas drogas leishmanicidas. Neste cenário, a Hsp90 é uma chaperona envolvida no processo de estabilização e ativação de diversas proteínas cliente e é importante para a manutenção da homeostase celular. Em estudos anteriores, demonstramos que inibidores da Hsp90 são eficazes no controle de infecções causadas por Leishmania spp. em modelos in vitro e in vivo, chegando a zerar a carga parasitária e a reduzir citocinas pró-inflamatórias em camundongos BALB/c. No entanto, o uso prolongado in vivo, causou toxicidade. Desta forma, decidimos desenvolver uma formulação tópica, que por ser menos invasivo, hipotetizamos ser capaz de diminuir os efeitos tóxicos, ser de fácil aplicação, além de apresentar redução de custos. Assim, desenvolvemos formulações contendo 17-DMAG impregnado em membranas de celulose bacteriana (MCB), que é um biopolímero com propriedades curativas. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial quimioterápico do 17-DMAG, um inibidor da Hsp90, impregnado em MCB no tratamento da leishmaniose cutânea (LC) em modelos in vivo e in vitro de infecção por Leishmania braziliensis. Após diferentes testes, a impregnação das MCB seguiu as seguintes etapas: primeiramente as membranas foram cortadas com diâmetro de 3,5 cm, impregnadas com diferentes concentrações de 17-DMAG diluído em trealose 5% e secas em liofilizador. Para utilização nos ensaios, as MCB foram cortadas com punch de biópsia de 3 mm para os ensaios in vitro e de 8 mm para ensaios in vivo. Avaliamos a toxicidade das MCB sobre BMMΦ (CC50) e sua eficácia in vitro contra promastigotas axênicas de L. braziliensis (IC50). Após 72 horas de tratamento, foi obtido um valor de CC50 de 30,76 ± 1,29 nM, e IC50 de 159,9 ± 49,6 nM. Devido ao valor do IC50 ser menor do que o do CC50, não conseguimos calcular o valor do IC50 para índice de seletividade. A faixa de concentração usada para determinar o IC50 não causou toxicidade aos macrófagos, porém não teve efeito sobre as amastigotas intracelulares. Nos ensaios in vivo as concentrações de 311 e 155 µg/cm2 apresentaram toxicidade local com duas semanas de tratamento, mas não apresentaram toxicidade sistêmica. Concentrações menores, entre 1.000 e 125 ng/cm2 não apresentaram toxicidade local, sendo viáveis para ensaios de toxicidade in vivo. Estes dados, somados aos resultados anteriores com a droga livre, demonstram que, após ajustes de doses, 17-DMAG terá potencial para compor esquema terapêutico contra LC.

Palavras chave: Leishmaniose, Tratamento tópico, 17-DMAG, HSP90, Membrana de celulose bacteriana

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