Desenvolvimento de capsula feita de polímeros com larvicida contra o mosquito da dengue é alvo de dissertação

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AUTOR: Vinicius Couto Pires
ORIENTADOR: Fábio Rocha Formiga
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Avaliação do potencial larvicida do óleo essencial de Melaleuca alternifolia e sua formulação em nanocápsulas poliméricas” 
PROGRAMA: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (Fiocruz)
DATA DE DEFESA: 21/02/2019

RESUMO

Dengue, febre chikungunya e febre por Zika vírus representam arboviroses de maior carga no Brasil, onde o Aedes aegypti é o principal vetor de transmissão viral. A principal abordagem de prevenção dessas arboviroses é o controle da população de mosquitos adultos. Estudos fitoquímicos têm demonstrado o potencial de óleos essenciais como larvicidas, sendo uma alternativa promissora de combate ao A. aegypti. Contudo, estes óleos apresentam limitações de solubilidade em meio aquoso e tendem a perder atividade após períodos de exposição à radiação solar. Visando superar tais limitações, a encapsulação de frações oleosas em nanocápsulas poliméricas deve permitir o aumento do tempo de vida útil dos compostos bioativos, garantindo, assim, sua bioatividade e ação larvicida. Este trabalho busca desenvolver nanocápsulas de poli(ε-caprolactona) contendo o óleo essencial de Melaleuca alternifolia como nanolarvicida contra o Aedes aegypti. Inicialmente, o óleo de M. alternifolia foi caracterizado por cromatografia gasosa e espectrometria de massa de alta resolução. Nanocápsulas foram produzidas pelo método de nanoprecipitação e caracterizadas quanto ao tamanho, polidispersão, potencial de superfície, morfologia e eficiência de encapsulação. A estabilidade físico-química das nanosuspensões armazenadas a 25 ± 2°C foi avaliada pelo monitoramento do tamanho de partícula, pH, condutividade elétrica e turbidez durante 90 dias. Ensaios colorimétricos de viabilidade celular (Alamar Blue) foram realizados para caracterizar o efeito citotóxico do óleo essencial em macrófagos J774 e queratinócitos da linhagem HaCat. A atividade larvicida do óleo livre (emulsionado em Tween 80) e nanoencapsulado foi determinada através de bioensaios de acordo com a metodologia preconizada pela OMS. Na caracterização do óleo, foram identificados 20 compostos voláteis – sendo terpinen-4-ol o composto majoritário – e 22 compostos não voláteis. Com relação ao efeito larvicida do óleo, observou-se que partir de 100 ppm todas as larvas expostas morreram, sendo possível determinar a doses letais em 24 horas (LC50=69,374 ppm e LC90=101,56 ppm) e em 48 horas (LC50=68,325 ppm e LC90=98,908 ppm). Nos ensaios de citotoxicidade, não houve redução significativa da viabilidade de macrofagos e queratinocitos em concentrações próximas ao LC90 do óleo contra larvas de A. aegypti. As nanocápsulas contendo o óleo de M. alternifolia apresentaram-se esféricas, com tamanho médio de 172,4 nm, PDI 0,1 e potencial zeta ‒26,35 mV. Apesar do processo de nanoprecipitação resultar em perda de 29% no teor de óleo, a eficiência de encapsulação foi de 90%. Durante 60 dias de armazenamento, as nanosuspensões mantiveram seu aspecto visual, sem evidências macroscópicas de fenômenos de instabilidade física. Neste período, não foram observadas variações nos valores de turbidez e tamanho de partícula. As nanocápsulas prolongaram o tempo de vida útil do óleo após formulação e apresentaram efeito inseticida de ação moderadamente lenta, com LC50 564,9 ppm em 48 horas. Este trabalho demonstrou o potencial larvicida do óleo de M. alternifolia, o qual pôde ser formulado em nanocápsulas poliméricas, cujo incremento da atividade larvicida poderá ser alvo de futura investigação.

Palavras-Chave: arboviroses; Aedes aegypti; larvicidas; produtos naturais; nanobiotecnologia.

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