Conferência debateu propostas para promover equidade de raça e gênero na Ciência e Tecnologia

Getting your Trinity Audio player ready...

A Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação foi realizada no dia 03 de abril, no auditório do Departamento de Educação da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), em Salvador. Com o tema “Equidade de Raça e Gênero: Fator propulsor do Desenvolvimento Sustentável”, o evento faz parte dos preparativos para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, e envolveu diferentes setores da sociedade como pesquisadores(as), acadêmicos(as), profissionais, estudantes, membros da sociedade civil e outros grupos sociais.

Além de contribuir com as discussões da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, foram indicadas(os) representantes para participar da 5ª Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CECTI), realizada nos dias 04 e 05 de abril, com o tema “Por Uma Bahia Mais Inovadora”, organizada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI).

No período da manhã, aconteceu a mesa de abertura Institucional, e o painel “CT&I na Saúde de Pessoas Negras, Indígenas e Povos Comunidades Tradicionais: o papel das lideranças”. A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, fez uma apresentação com dados sobre desigualdade de gênero e raça no Brasil relacionados a temas como trabalho, saúde e violência. Além disso, apontou desafios para superação das desigualdades e promoção de políticas públicas para promover a equidade de raça e gênero.

“É muito importante estarmos atentos às políticas que possam promover a eliminação do racismo, a redução das desigualdades sociais, da desigualdade de gênero, para que todos nós tenhamos saúde, bem-estar, com acompanhamentos clínicos preventivos adequados. Além da redução das dificuldades administrativas, de raça e gênero, e nesse caso cito a importância de estarmos em cargos de poder. E o mais importante, a redução da violência para que nós possamos sobreviver e fazer parte dessa sociedade que é tão cara pra todos nós”, ressaltou Marilda.

Marilda destacou a importância do encontro e da elaboração de um documento que registre todas as necessidades e direitos. “Para que a gente realmente possa fazer uma ciência de qualidade, para que ela seja viva e que todos nós possamos contribuir com o que nós sabemos de melhor, de cada um, de cada família, dos nossos pertencimentos”, pontuou.

Augusto Sérgio dos Santos São Bernardo, assessor chefe do Gabinete da Reitoria da UNEB, ressaltou que a equidade de raça e gênero faz parte do eixo central para pensar ciência e tecnologia. “Estamos em um estágio importante da produção do conhecimento, que se traduz na busca de soluções sustentáveis, como propõe a conferência estadual. Temos uma receita fundamental para pensar em inovação tecnológica na Bahia, que é juntar todos esses marcadores de maneira transversal”.

Em sua fala, o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, Marcos Sampaio, refletiu sobre o papel da liderança negra e o papel da ciência na vida das pessoas negras. “O primeiro papel da liderança negra é resistir, pois as nossas habilidades, os nossos conhecimentos, estão sempre à prova”.

Marcos destacou também que o racismo é o maior agravo que atinge a população do país devido ao seu impacto na saúde mental. “Muitas pessoas, por conta do racismo, chegam na depressão. E a depressão leva também as pessoas a comerem mal, a se cuidarem mal, a ficarem sedentárias. E com isso as pessoas param de sonhar, param de viver, isso acumula doenças, e são determinantes que muitas vezes não são discutidos” concluiu.

Já no período da tarde houve dois painéis com os temas: “Educação, Políticas Afirmativas e o Fomento de Políticas Públicas para CT&I”; e “Tecnologias e Inovação para Equidade Racial e de Gênero na CT&I”.

A ação faz parte do eixo 4 – Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social – tem como principal objetivo sistematizar contribuições e propostas que possam auxiliar, de forma efetiva, na ampliação da participação de pessoas negras, indígenas e povos e comunidades tradicionais na área de Ciência, Tecnologia e Inovação, indicando caminhos para a construção de políticas públicas de incentivo à formação de pesquisadores(as), fomento à pesquisa e a ocupação dos espaços acadêmicos e de decisão, superando barreiras e dificuldades enfrentadas nos mais diversos âmbitos da sociedade.

As Conferências são promovidas pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, e são importantes espaços de informação e conhecimento de excelência criados com o objetivo de contribuir para a melhoria da CT&I brasileira. Elas podem ser realizadas em âmbito municipal, estadual, temática, ou em qualquer outra configuração que estimule a participação social das instituições envolvidas.

Esta edição é fruto de uma parceria entre a Fiocruz Bahia, a Associação de Pesquisadores Negros da Bahia (APNB), o Centro de Estudos dos Povos Afro-Indígenas Americanos da Universidade Estadual da Bahia (CEPAIA – UNEB), o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA), a Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI), a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI). Participaram das mesas e paineis representantes da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN); docentes e representantes da UNEB; da Unilab (Campus dos Malês); da UFBA; da UFRB; do Conselho Estadual de Saúde da Bahia; da Fiocruz Piauí; da FAPESB; do Centro Ref. Doença Falciforme/Hemoba.

Para saber mais sobre a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação clique aqui.

Foto: Caique Fialho e Jéssica Guanabara

Por Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins

twitterFacebookmail