BMC Genomics publica estudo abrangente de genes do bacilo de Koch

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47-recombination-in-pe-ppe-genes-contributes-to-genetic-variationVisando ampliar os conhecimentos sobre a tuberculose, no trabalho intitulado Recombination in pe/ppe genes contributes to genetic variation in Mycobacterium tuberculosis lineages pesquisadores de diversos países como Brasil, Inglaterra, Holanda, África do Sul, Malawi, Portugal, Peru, Paquistão, Bulgária e Arábia Saudita remontaram e analisaram genomas do patógeno causador da doença. Participaram do artigo, publicado no periódico científico BMC Genomics, a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Theolis Barbosa Bessa, e Erivelton de Oliveira Sousa, egresso do mestrado da Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa e servidor do Lacen-BA.

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa provocada pelo Mycobacterium tuberculosis, mais conhecido como bacilo de Koch. Essa doença acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Há sete distintas linhagens de micobactérias tuberculosas, cuja evolução acompanhou a dispersão das populações humanas da África para os demais continentes.

O tratamento atual é eficiente para curar a doença, porém o uso irregular dos medicamentos está relacionado ao surgimento de bactérias resistentes que produzem quadros mais graves e com maior risco de morte. Em algumas regiões do planeta a resistência a fármacos anti-tuberculose está associada à co-infecção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Essas condições agravantes contribuem para que a doença seja considerada um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.

Após o sequenciamento completo do genoma do bacilo, foi possível reconhecer famílias de genes associadas com maior virulência. Entretanto, as famílias dos genes prolina-glutamato e prolina-prolina-glutamato não estão bem caracterizadas devido ao seu alto teor de GC e sua natureza altamente repetitiva, o que torna as pesquisas na área dificultadas. Um estudo mais aprofundado do genoma nestas regiões pode contribuir com descobertas acerca de fatores da virulência e interação do patógeno com o hospedeiro.

Nesta pesquisa, os cientistas remontaram 518 genomas de uma coleção de bactérias isoladas de pacientes em várias regiões do mundo e validaram os resultados utilizando dados de sequenciamento previamente disponíveis. A análise mostrou que a variação genética nos genes das famílias estudadas é consistente com as linhagens das micobactérias, o que sugere adaptação a populações humanas específicas. Há evidências de que 65 genes dessas famílias sofrem pressão seletiva, incluindo porções reconhecidas pelo sistema imunológico através da ligação a moléculas do complexo principal de histocompatibilidade.

O trabalho foi o primeiro estudo aprofundado que permitiu maior compreensão da diversidade genética nos genes das famílias prolina-glutamato e prolina-prolina-glutamato. Além de apresentar uma metodologia capaz de superar empecilhos que dificultavam trabalhos de pesquisa nesta área, o estudo possui grandes implicações para o desenvolvimento de uma tão necessária vacina.

Clique aqui para acessar o artigo publicado em fevereiro de 2016.

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