Biomarcadores apontam diferença na infecção por tuberculose entre pessoas da China e Índia

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A apresentação clínica de pacientes com tuberculose é muito diversificada e a heterogeneidade da enfermidade está associada a mudanças nas assinaturas de biomarcadores, que são indicadores mensuráveis da severidade ou da presença de algum estado da doença.

Em um estudo liderado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno de Bezerril Andrade, foram comparados a extensão da perturbação inflamatória individual da proteína plasmática e mediadores lipídicos ao nível molecular associados à tuberculose em pacientes na China e Índia, países entre os cinco com maior números de caso da doença. O artigo foi publicado na Scientific Reports.

No trabalho, foi realizado um corte transversal analisando o grau geral de perturbação inflamatória em tuberculose pulmonar sem tratamento prévio em pacientes e indivíduos não infectados desses dois países asiáticos. O grau molecular de perturbação adaptado ao plasma de biomarcadores foi empregado para examinar as mudanças globais na inflamação entre esses países.

A infecção por Mycobacterium tuberculosis causou um grau significativo de perturbação molecular em pacientes de ambos os países, com maior perturbação detectada na Índia. Curiosamente, houve diferenças na perturbação do biomarcador padrão e o grau geral de inflamação. Pacientes com tuberculose grave exibiram aumento dos valores do grau molecular de perturbação e pacientes indianos com esta condição exibiram grau ainda maior de perturbação, em comparação para pacientes chineses.

A análise do resultado identificou as proteínas IFN-α, IFN-β, responsáveis por impedir a replicação de bactérias e regular a resposta inflamatória; a IL-1RI, que é um receptor de interleucina que induz reação de fase aguda e resposta inflamatória, e TNF-α, fator de morte de células tumorais. Combinados, esses biomarcadores representam a perturbação molecular global em toda a população do estudo.

Uma observação importante do estudo mostrou que moléculas dos pacientes da Índia tinham três vezes mais perturbação, que os da China. Apesar dos pacientes da Índia terem lesões pulmonares unilaterais mais freqüentes e aumento de esfregaços de BAAR do que as da China, a associação entre os aumentos dos valores globais do escore do grau molecular de perturbação na Índia foi independente de tais aspectos clínicos e microbiológicos.

O impacto do país de residência, raça e etnia nos biomarcadores plasmáticos no contexto da tuberculose já foi previamente explorado, assim como as diferenças de raça e gênero no perfil inflamatório também foram estudadas em vários outros doenças.

Esses resultados delineiam a magnitude da perturbação inflamatória sistêmica da tuberculose pulmonar e revelam mudanças qualitativas nos perfis inflamatórios entre dois países com alta prevalência da doença. Esses dados usando a métrica do grau molecular de perturbação sugerem que a infestação sistêmica causada pela infecção por Mycobacterium tuberculosis pode variar significativamente entre países.

Estudos adicionais são necessários para avaliar se e/ou como as diferenças descritos no estudo contribuem para a resposta ao tratamento da tuberculose e prognóstico em diversas populações em todo o mundo.

 

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