Trabalho que descreve os surtos de doença exantemática causado pelos vírus Zika, Chikungunya e Dengue é publicado na revista Emerging Infectious Diseases

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O artigo Outbreak of Exanthematous Illness Associated with Zika, Chikungunya, and Dengue Viruses, Salvador, Brazil, elaborado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro e Mitermayer Reis, além de Cristiane Cardoso, Igor Paploski, Mariana Kikuti, Moreno Rodrigues, Monaise Silva, Gubio Campos, Silvia Sardi e Uriel Kitron, foi publicado na edição de dezembro da importante revista científica Emerging Infectious Diseases (Vol. 21, Nº 12), publicada pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos. O trabalho descreve os surto de doença exantemática causado pelos vírus Zika, Chikungunya, e dengue em Salvador no ano de 2015.

De acordo com Guilherme Ribeiro, a publicação, que foi conduzida em uma colaboração entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Fiocruz, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Emory University, nos Estados Unidos, merece destaque pela relevância do tema no cenário epidemiológico atual, já que tais achados são de interesse tanto para o meio acadêmico, quanto para sociedade em geral. “A equipe de pesquisadores continuam trabalhando com a SMS, dando apoio às ações de vigilância epidemiológica e investigação do surto de SGB e microcefalia”, afirma.

No primeiro semestre de 2015, o aumento do número de casos de pessoas com erupções cutâneas no corpo chamou a atenção de sanitaristas do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Salvador, que, frente à situação, implementaram um sistema de vigilância sentinela nas Unidades de Pronto-Atendimento do município a fim de identificar outros casos semelhantes. De fevereiro a junho, a vigilância epidemiológica identificou 14.835 casos dessa doença de causa até então desconhecida na cidade de Salvador.

SURTO E SINTOMAS – Como resultado da união de esforços intelectuais por parte dos membros das quatro instituições envolvidas na publicação do artigo, foi identificado que a maior ocorrência da doença se deu no mês de maio e que os casos se caracterizavam pela frequente presença de prurido associado às lesões de pele. Além disso, os pesquisadores testaram amostras de 58 dos pacientes com métodos moleculares (RT-PCR) e demonstraram a presença de RNA dos vírus zika em três pacientes, do vírus chikungunya em outros três pacientes e do vírus dengue em mais dois pacientes.

Os resultados da investigação demonstram a dificuldade para distinguir com base nas manifestações clínicas essas três infecções virais e chamam atenção para a circulação simultânea dos três vírus em Salvador. Pela baixa frequência nos casos estudados de febre e artralgia (sintomas tipicamente presentes em casos de dengue e chikungunya) e pela identificação concomitante do vírus zika em pacientes com doença exantemática de vários estados do país, os pesquisadores concluíram que a mais provável causa para o grande surto de doença exantemática em Salvador seja o vírus zika.

Assim como os vírus da dengue e da chikungunya, o vírus zika também é transmitido por mosquitos do gênero Aedes spp.. Até o presente, os surtos causados pelo vírus zika tem ocorrido predominantemente na região Nordeste, mas dada a ampla distribuição do mosquito vetor no país, há um risco real de que outras regiões também venham a sofre com epidemias causadas por este vírus. Até o presente, a Bahia permanece como o estado brasileiro com o maior número de notificações de casos suspeitos de zika e de chikungunya, mas, em função da semelhança clínica entre estas arboviroses (infecções virais transmitidas por insetos), é provável que muitos dos casos notificados no país como sendo casos de dengue sejam na verdade casos de zika ou chikungunya.

MICROCEFALIA – Recentemente, o aumento na região Nordeste de casos de microcefalia, uma malformação congênita em que os recém-nascidos apresentam perímetro cefálico menor do que o normal, tem sido relacionado à infecção de gestantes pelo vírus zika. Da mesma forma, a Síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica em que há perda progressiva da força muscular, também é suspeita de ser uma das possíveis complicações associadas à infecção pelo vírus zika. Até julho, somente a Bahia havia notificado 115 casos suspeitos dessa síndrome.

 

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Artigo sobre escolha e rejeição da especialidade médica é publicado na PloSOne

Plos one

Artigo sobre escolha e rejeição da especialidade médica, sob a orientação do pesquisador Manoel Barral Netto, da Fiocruz Bahia, foi publicado na edição de julho do periódico online PLoS ONE. Intitulado “Medical Specialty Choice and Related Factors of Brazilian Medical Students and Recent Doctors”, o trabalho aborda fatores relacionados à essa opção o que pode orientar a elaboração de estratégias que estimulem o interesse por determinadas especialidades de acordo com as necessidades do sistema de saúde do Brasil.

Além do orientador, os autores do artigo são Ligia Correia Lima de Souza, Gabriela Garcia, Ediele Brandão e Vitor Mendonça, oriundos, respectivamente, da Faculdade de Medicina e Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Fundação Técnico Educacional Souza Marques, do Rio de Janeiro, e Pós-graduação em Patologia da Fiocruz Bahia.
De acordo com Barral Netto, a linha de pensamento que guiou o estudo procurou entender o raciocínio dos futuros médicos. “Uma pergunta frequente ao estudante de medicina desde o primeiro dia do curso é: Qual especialidade seguir? O que realmente os motiva para uma escolha ou outra?”, indagou. Segundo ele, escolher uma especialidade médica é um momento importante, complexo, sendo o processo não compreendido em sua totalidade.

O pesquisador ressaltou que a investigação pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de intervenção, ou seja, programas informativos e atividades extracurriculares, de acordo com as necessidades do sistema de saúde brasileiro, em que o déficit de profissionais e a distribuição desta força de trabalho são assuntos recorrentes quando se trata de assistência médica.

MÉTODO – O estudo foi realizado nas cidades de Salvador e Rio de Janeiro, no ano de 2012, tendo sido investigados os fatores relacionados à intenção de escolha e de rejeição de especialidades médicas, bem como o momento em que essas decisões foram feitas. Para tanto, foram entrevistados 1.223 estudantes de medicina, que estavam cursando os dois últimos anos da faculdade, e médicos que iriam fazer concurso de residência no ano de 2013, pertencentes a quarenta escolas médicas brasileiras.

Foram aplicados questionários padronizados que investigavam os dados demográficos do participante, as experiências extracurriculares, os possíveis fatores que poderiam influenciar a escolha da especialidade, as especialidades provavelmente mais escolhidas, o momento da primeira escolha e as mais rejeitadas, dentre outros.

Os resultados demonstraram que a intenção da escolha de especialidades médicas ocorre, principalmente, no período final na faculdade de medicina, e, a rejeição, acontece nos primeiros anos de vida universitária. “O aluno, conforme o tempo vai passando na Escola de Medicina, vai definindo coisas que ele não quer fazer. A escolha do que ele vai fazer é mais tardia. Então, isso é muito importante. Ele usa a estratégia da eliminação”, disse Manoel Barral Netto.

O pesquisador explica que, se o Ministério da Saúde achar que precisa aumentar a atenção básica, é salutar um esforço de elaboração de atividades relacionadas a esta área nos primeiros semestres das grades curriculares dos cursos de medicina como, por exemplo, aumentando a exposição do aluno à especialidade, ofertando professores com melhor didática e remuneração mais adequada a estes profissionais. “Os quesitos importantes para uma tomada de decisão são construídos nos primeiros anos do estudante na universidade. Se ele notar que ele vai ter o controle do tempo para uma vida normal, não vai ficar escravo do trabalho”, frisou.

FATORES DE INFLUÊNCIA – Além disso, o pesquisador da Fiocruz Bahia explica que diferentes grupos de especialidades têm distintos fatores de influência. “Por incrível que pareça, a questão da remuneração é um dado que não apareceu muito e nossas conclusões se baseiam numa interpretação que possui um viés cultural”, apontou. “Deduzimos que, por causa dos nossos costumes judaico-cristãos, poucos irão admitir em um questionário de pesquisa que está fazendo uma determinada especialidade por causa das altas remunerações que ela proporciona”.

Além do fator “razão financeira”, o “papel de mentor” foi um resultado muito forte na pesquisa. Ou seja, a exposição de figuras importantes na vida universitária do aluno, como bons professores e exemplos de médicos bem sucedidos podem inspirá-los a seguir uma determinada especialidade. Outras questões que chamaram a atenção foram os índices “controle do tempo pessoal e “autonomia”. Manoel Barral Netto explica que existem algumas especialidades que, mesmo pagando bem, não são muito atrativas, como as ligadas à emergência, ginecologia e obstetrícia e pediatria, dentre outras, onde o médico é exigido com mais frequência, acarretando em inúmeras restrições em sua vida pessoal e familiar.

Ainda de acordo com o estudo, um fator de robusta correlação com a intenção de especialidade foram as experiências extracurriculares dos estudantes de medicina, sendo assim estratégias como aumento de pesquisas, ligas acadêmicas e estágios com ênfase na especialidade de necessidade para o sistema de saúde uma potencial estratégia para a atração de profissionais.
Por exemplo, os participantes que escolhem especialidades com o estilo de vida controlável, avaliam como fatores mais importantes tempo pessoal, razão financeira e autonomia. Já os profissionais que escolhem especialidades de atenção primária avaliam como importante para a escolha compromisso social, experiências durante o internato e atribuem pouco valor a motivo financeiro e tempo pessoal. “Estes fatores são compatíveis com uma maior orientação idealista e a uma menor preocupação por status”, afirmam os autores do artigo.

Para eles, o que falta mesmo no Brasil, principalmente, nas cidades do interior, são os médicos voltados para uma atenção mais primária, ou seja, uma atenção básica para não sobrecarregar o restante do sistema porque os problemas pequenos não foram resolvidos em tempo. De acordo com eles, sabendo isso, é possível para as autoridades intervir de alguma maneira. “Esperamos que nossa pesquisa permita que haja algum tipo de estímulo para as áreas que precisam ser mais expandidas no Brasil”, concluem.

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Trabalho sobre Leishmania é publicado na revista PlosOne

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O trabalho “Encapsulation of Living Leishmania Promastigotes in Artificial Lipid Vacuoles” publicado na revista PlosOne, mostra pela primeira vez a encapsulação de promastigotas vivas de Leishmania em vesículas artificiais. Foi demonstrado que os parasitas podem sobreviver por dias, sendo possível ajustar a composição da vesícula, pH e temperatura. O Estudo, desenvolvido em um parceria entre o Laboratório de Patologia e Biointervenção (Fiocruz Bahia) e o Centre Interdisciplinaire de Nanoscience de Marseille (CINaM-Aix Marseille Université) abre perspectivas para o desenvolvimento de um modelo de vacúolo ex vivo para o estudo da amastigogênese e compreensão da influência do parasita no desenvolvimento do vacúolo parasitóforo.

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