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O períodico Brazilian Journal of Medicine and Human Health, da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Salvador), publicou um artigo que descreve a disseminação do vírus Zika no mundo, mostrando as lacunas no conhecimento relacionado à infecção e abordando as características genéticas e epidemiológicas do vírus. O trabalho, intitulado A Brief Review On Zika Virus Infection, foi assinado pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia Fernanda Grassi e Geraldo Gileno; pelo doutorando Antônio Bandeira e pela pós-doutoranda Luana Gois.
O estudo traça um breve histórico da disseminação do Zika pelo mundo, que inicia com o primeiro isolamento do vírus em 1947, em Uganda, percorrendo o Sudeste Asiático e Ilhas do Pacífico (2007) – onde ocorreram vários surtos, alguns acompanhados de manifestações neurológicas – até chegar nas Américas. No Brasil, o primeiro surto de Zika aconteceu em 2015, comprometendo neurologicamente um grande número de fetos.
Detectado pela primeira vez em pacientes de Camaçari (Bahia), em março de 2015 e, posteriormente, em outros estados a partir de maio de mesmo ano, estima-se que entre 440 mil e 1,3 mil indivíduos foram infectados no Brasil, durante a epidemia. Além da transmissão viral através do mosquito vetor, o Aedes aegypti, foram relatadas a transmissão por via sexual, perinatal e transfusão de sangue. Além disso, constatou-se que o vírus podia ser isolado na saliva e na urina de indivíduos durante a fase aguda de infecção.
Diagnóstico do vírus – Os pesquisadores explicam que o diagnóstico da infecção por Zika é baseado em sinais clínicos e na detecção do RNA viral em laboratório, no entanto, no período da epidemia, poucos tinham essa capacidade. O diagnóstico era dificultado também pela exposição a antígenos de outros membros do gênero Flavivirus, como a dengue, inclusive foi constatada entre eles uma identidade genética de cerca de 60%. Outro fator que difultava a constatação da enfermidade era que a grande maioria dos casos de infecção por Zika são assintomáticos ou apresentam síndrome semelhante à dengue.
O artigo também relembra que o surto de zika foi associado a um número crescente de bebês nascidos com microcefalia, o Zika foi detectado no líquido amniótico, no cérebro ou no líquido espinhal de 41 bebês. Os primeiros casos foram diagnosticados cerca de seis meses após a detecção do vírus no país e, até 28 de maio de 2016, o Ministério da Saúde do Brasil havia confirmado 1.489 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central. Em fevereiro de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a epidemia por Zika uma emergência de saúde pública de importância internacional.
No período deste estudo, as evidências disponíveis já indicavam uma associação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia, mas ainda não estavam claros os fatores ligados a este resultado. Naquele momento, havia uma lacuna no conhecimento da resposta imunitária na infecção por Zika, as pesquisas na área ainda investigavam o papel da resposta imune na proteção ou em associação com as complicações neurológicas.
Os pesquisadores afirmaram que a caracterização da resposta imune imunodominante/protetora poderia contribuir para o desenvolvimento de testes de vacinas e diagnósticos. Durante a epidemia, a comunidade científica fez esforços para lidar com a emergência na saúde pública, através de estudos sobre aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção, desenvolvimento de diagnóstico laboratorial preciso, medicamentos e vacinas, bem como controle de vetores.
Clique aqui e confira na íntegra o artigo publicado em junho de 2016.