Alteração e expressão de proteína relacionada a distúrbio em corações chagásicos é investigada em dissertação

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AUTORIA: Breno Cardim Barreto
ORIENTAÇÃO: Milena Botelho Pereira Soares
TÍTULO DA TESE: “Caracterização da expressão da conexina 43 miocárdica na doença de chagas crônica”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana (UFBA /FIOCRUZ)
DATA DE DEFESA: 19/06/2019

RESUMO

INTRODUÇÃO: A cardiomiopatia chagásica crônica é uma doença debilitante de curso fatal, sendo as arritmias cardíacas a principal causa de morte súbita dos indivíduos acometidos por essa doença. Devido à falta de opções terapêuticas adequadas, o entendimento dos mecanismos que levam ao desenvolvimento das arritmias graves é de grande relevância. A conexina 43 é uma importante proteína componente das junções comunicantes em cardiomiócitos, e a expressão alterada dessa proteína está relacionada a distúrbios de condução em outras cardiomiopatias.

OBJETIVO: Caracterizar as alterações na expressão e distribuição da Cx43 em corações chagásicos crônicos.

MATERIAL E MÉTODOS: Camundongos C57BL/6 com 6 e 12 meses de infecção pela cela Colombiana do Trypanosoma cruzi e controles não infectados foram submetidos à avaliação funcional (ergométrica e ECG). Após eutanásia, os corações foram coletados e destinados para análises histopatológicas, para avaliação do infiltrado inflamatório e de fibrose; análise por imunofluorescência para avaliar o padrão de distribuição da Cx43 total e fosforilada (S368); análise pela técnica de Immunogold, para avaliar a presença da Cx43 nos discos intercalares; análise de expressão gênica por RTqPCR, para avaliar a expressão gênica da Cx43 total, TNF-α e IL-1β. Amostras de corações explantados de pacientes portadores de cardiomiopatia chagásica crônica, submetidos à transplante cardíaco, foram utilizadas para análise por imunofluorescência da expressão de Cx43.

RESULTADOS: Animais com 6 e 12 meses de infecção perderam a capacidade de realizar exercício na esteira ergométrica e apresentaram distúrbios de condução no coração, observados no ECG. As análises histopatológicas confirmaram intenso infiltrado inflamatório e fibrótico nos corações chagásicos (6 e 12 meses), diferente do observado nos animais controles. Nas análises de imunofluorescência, observamos alteração na distribuição da Cx43 total e com marcações na membrana lateral ou no interior do cardiomiócitos nos animais infectados (6 e 12 meses), enquanto que os corações de animais não infectados apresentaram Cx43 localizadas nos discos intercalares. A análise da Cx43(S368) foi mais intensa nos animais infectados (6 e 12 meses) do que nos animais não infectados. Na análise por Immunogold, observamos que os animais não-infectados apresentaram maior concentração de Cx43 total nos discos intercalares, enquanto que nos infectados as marcações estavam presentes em estruturas semelhantes a vacúolos autofágicos. As análises por RT-qPCR mostraram um aumento da expressão gênica de TNF-α e IL-1β nos infectados (6 e 12 meses). A expressão do gene da Cx43 está reduzida nos animais com 6 meses de infecção, mas não com 12 meses, em comparação com os animais controles. Por fim, a marcação de Cx43 total e Cx43 (S368) no material humano apresentaram padrão semelhante ao observado no modelo experimental.

CONCLUSÃO: Corações chagásicos crônicos apresentam alteração na expressão da Cx43, bem como no padrão de distribuição da Cx43 total e fosforilada, o que pode estar associada com a alta produção de citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IL-1β e contribuir para o estabelecimento dos distúrbios de condução na doença de Chagas.

Palavras-chave: Doença de Chagas; cardiomiopatia; conexina 43; arritmias

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