Pesquisa aponta caminhos para enfrentamento à doença de Chagas no Brasil

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Estudo analisa os avanços, desafios e estratégias adotadas para o enfrentamento da doença de Chagas crônica no Brasil e ressalta a importância da notificação compulsória para aprimorar as respostas de saúde pública. A pesquisa apresenta uma análise abrangente da situação atual da enfermidade no país, uma infecção negligenciada que ainda afeta milhões de brasileiros. Coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Santos, o trabalho foi publicado no periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

O artigo revisita a trajetória da doença de Chagas, sua forma de transmissão, os estágios da infecção, os impactos na saúde dos indivíduos infectados, além das medidas institucionais implementadas ao longo do tempo para seu controle e eliminação. Contextualiza a relevância da notificação compulsória da forma crônica da doença, instituída nacionalmente em 2020, e do sistema eletrônico “e-SUS Notifica”, lançado em 2023, como ferramentas fundamentais para mapear a carga da doença, orientar o planejamento de políticas públicas e direcionar recursos de forma mais eficaz.

A pesquisa faz uma ampla revisão de dados epidemiológicos, regulatórios e institucionais, com destaque para o histórico das políticas públicas de controle da doença no Brasil, a análise do impacto da notificação obrigatória, e o acompanhamento da implementação de estratégias como o uso de testes rápidos, programas regionais de rastreio e experiências de outros países latino-americanos com elevada carga da doença.

Os autores enfatizam a importância do novo modelo de vigilância para a identificação precoce dos casos, a orientação da alocação de recursos e a promoção de cuidados contínuos. Além disso, mostram que apesar dos avanços com a notificação eletrônica e a incorporação de testes rápidos mais sensíveis, como o TR-Chagas Bio-Manguinhos, persistem desafios como a baixa disponibilidade de benznidazol, principal medicamento antiparasitário, e as dificuldades para identificar portadores assintomáticos.

Também são relatadas ações positivas como a pactuação nacional pela eliminação da transmissão vertical e o envolvimento da sociedade civil são passos importantes na ampliação da resposta à doença de Chagas. Os pesquisadores reforçam que eliminar a doença de Chagas como problema de saúde pública até 2030 exige uma resposta articulada, com fortalecimento da atenção primária, envolvimento comunitário, garantia de acesso aos medicamentos e uso eficiente de ferramentas de vigilância e diagnóstico.

Por fim, o estudo recomenda a formulação de estratégias específicas baseada em dados regionais e populacionais, a integração dos infectados ao sistema de saúde, e promoção da cooperação internacional para otimizar os resultados e superar os obstáculos existentes.

Por Jamile Araújo, sob supervisão de Dalila Brito

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