Tese analisa fatores associados ao nascimento de crianças com anomalia congênita

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Estudante: Qeren Hapuk Rodrigues Ferreira Fernandes
Orientação: Angelina Xavier Acosta
Coorientação: Enny Paixão
Título da tese: “ANOMALIAS CONGÊNITAS NO BRASIL: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA PREVALÊNCIA, MORTALIDADE, FATORES ASSOCIADOS E SOBREVIVÊNCIA”
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 13/11/2023
Horário: 09h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 844 5357 2511
Senha de acesso: qeren

Resumo

As anomalias congênitas (AC) são um relevante problema para a saúde pública global, afetando em média 6% dos recém-nascidos. No Brasil estão em segunda posição entre os principais grupos de causas de mortalidade infantil, porém em alguns estados já ocupam a primeira causa. Estudos amplos para entender melhor o impacto desses defeitos no nascimento e morte se fazem necessários, principalmente no Brasil, onde há uma grande lacuna a esse respeito. Assim, o objetivo do presente estudo foi levantar dados sobre a prevalência e mortalidade, investigar fatores associados ao nascimento e a sobrevivência de crianças com AC no Brasil a partir de dados existentes nos bancos públicos, utilizando a técnica de linkage para vincular os bancos de nascimento e morte. Com esse propósito descreveu-se a tendência temporal da prevalência e mortalidade infantil por AC em nascidos vivos em 2001 a 2018 no Brasil e em suas regiões geográficas. A prevalência geral para os anos estudados foi de 86,2 por 10.000 nascidos vivos, tendo um aumento de 17,9% após a vinculação dos bancos, enquanto a mortalidade foi de 24,4 por 10.000. Ao estudar a prevalência por ano, esta se mostrou crescente em todas as regiões do período avaliado. As AC relacionadas ao sistema osteomuscular foram as mais frequentes ao nascimento, enquanto as relacionadas ao sistema circulatório ocuparam a segunda posição e foram mais frequentes como causa de óbito. Houve diferenças consideráveis entre a prevalência nas regiões, sendo a região Sudeste obteve a maior e a região Norte a menor. Além disso, investigaram-se os fatores associados ao nascimento com AC, a partir de regressão logística usando um modelo hierárquico, para este objetivo usou-se dados dos nascidos vivos de 2012 a 2020. Entre as variáveis distais as mães de raça/cor preta apresentaram maior chance de terem filhos com AC (OR = 1,16) em comparação a mães brancas, não ter feito nenhuma consulta pré-natal (fator intermediário) aumentou a chance de ter filhos com AC (OR = 1,47) em comparação com quem iniciou o pré-natal nos primeiros meses de gravidez. As variáveis proximais foram os que apresentaram maiores valores: idade materna avançada (OR =2,26) e gravidez do tipo multifetal (OR = 1,49) foram os fatores maternos que apresentaram maior chance de nascimento com AC. Analisou-se ainda a sobrevivência de crianças com síndrome de Down (SD) no Brasil por idade de morte, entre os anos de 2012 a 2020, sendo observado que o período pós-neonatal foi o mais crítico, havendo maior risco de morte (HR = 41,4) em relação às crianças sem AC. Além disso, filhos com SD de mães pretas apresentam maior risco de morte (HR = 1,8) nesse mesmo período quando comparado aos nascidos vivos de mães brancas. Foi visto também que a proporção de mães com baixa escolaridade, mais novas e pretas era maior entre as crianças com SD que foram a óbito em comparação com as que sobreviveram, bem como entre aqueles que não foram notificados no banco de nascimento. A subnotificação das AC nos bancos públicos brasileiros se mostrou significativa, a técnica de linkage ajudou a minimizar esse problema, além disso, esta técnica também foi importante no estudo de sobrevivência. Assim, conhecer esses aspectos epidemiológicos, bem como os fatores envolvidos na ocorrência das AC no nascimento e óbito é fundamental para compreender o impacto das AC na saúde infantil do país, e assim promover elaboração de medidas de prevenção e cuidados em saúde para a população em risco.

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