Infecções respiratórias em crianças durante a pandemia é tema de dissertação

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Estudante: Maria Heloina Moura Costa Campos
Orientação: Isadora Cristina de Siqueira
Coorientação: Hugo da Costa Ribeiro Junior
Título da dissertação: “CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DAS INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS VIRAIS EM CRIANÇAS ATENDIDAS EM UM PRONTO-ATENDIMENTO PEDIÁTRICO EM SALVADOR-BAHIA, DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19.”
Programa: Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa
Data de defesa: 14/11/2023
Horário: 08h00
Local: Sala Virtual do Zoom
ID da reunião: 894 9181 0739
Senha: maria

Resumo

INTRODUÇÃO: As infecções do trato respiratório constituem importante causa de morbimortalidade em todo o mundo, especialmente na população pediátrica. Há uma lista continuamente crescente de novos vírus respiratórios que contribuem significativamente para o impacto dessas infecções na saúde infantil, sendo o Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2), causador da pandemia da doença COVID-19, o mais recente deles. A despeito das medidas de distanciamento social em vigência durante o período crítico da pandemia , quadros de infecção respiratória aguda em crianças continuaram a ocorrer, gerando a necessidade de melhor compreender o comportamento da COVID-19 e demais etiologias virais nesse momento epidemiológico singular. OBJETIVO: Realizar caracterização clínica e epidemiológica de casos de infecções respiratórias em crianças e identificação dos agentes virais associados através de métodos moleculares (RT-PCR e PCR em tempo real). MÉTODO: Estudo descritivo observacional, realizado em um Pronto-Atendimento Pediátrico, na cidade de Salvador, Bahia. Foram estudadas crianças menores de 12 anos com manifestações clínicas de infecção respiratória aguda, recrutadas entre os meses de agosto de 2020 a dezembro de 2021, durante a pandemia de COVID-19. Dados clínicos, epidemiológicos e sociodemográficos foram coletados e gerenciados na plataforma online REDCap (v9.3.1© 2020 Vanderbilt University). RESULTADOS: Foram incluídos 290 participantes, com mediana de idade de 3 anos. Prevaleceu na amostra crianças sadias, sem comorbidades (182, 63%), com predomínio de quadros leves (241, 85%). Os sintomas mais relatados foram rinorreia (233, 80,6%), tosse (218, 75,4%), obstrução nasal (220, 76,4%), febre (156, 54%) e odinofagia (93, 32,3%). Ao exame físico, obstrução nasal (130, 44,8%), rinorreia hialina (114, 39,3%), eritema faríngeo (94, 32,4%), eritema/edema em amígdalas (58, 20%) e alteração na ausculta respiratória (55, 19%) foram os achados mais comuns. Do total, 159 (54,8%) participantes tiveram infecção por pelo menos um vírus identificado aos testes moleculares, sendo o Rinovírus (68, 42,8%) e os Vírus Sincicial Respiratórios (VSR) (59, 37,1%) os mais comuns, com 19 (11,9%) casos de codetecção. Foram diagnosticados 17 (5,9%) casos de COVID-19. Nos pacientes com infecção pelos VSR houve maior ocorrência de febre (75% x 49%, p< 0,01), tosse (93% x 71%, p< 0,01), rinorreia hialina (60% x 34%, p< 0,01), abaulamento da membrana timpânica/otite média aguda (16% x 1,3%, p< 0,01) e persistência ou agravamento da febre por mais de 2-3 dias (33% x 7,3%, p< 0,01), quando comparados ao grupo sem infecção pelo mesmo vírus. Foi realizado sequenciamento de três genomas de VSR com as análises filogenéticas revelando que todas pertenciam ao genótipo 11 GA2.3.5 e se agrupam em um clado brasileiro de alto suporte (SH-aLRT > 90). CONCLUSÃO: Os resultados encontrados demonstram o predomínio de infecções respiratórias não complicadas, em crianças pré-escolares, com fatores de risco para Síndrome Respiratória Aguda Grave em 37% dos casos. Rinovírus Humano (RV) foi o agente mais frequentemente identificado (42,7%), seguido pelo VSR (37,1%). Encontramos no grupo de pacientes VSR positivo correlação positiva com sinais de piora do estado clínico e otite média aguda (OMA). As sequências genômicas geradas neste estudo são as únicas sequências da Bahia depositadas nos últimos 20 anos, ressaltando a importância em melhorar a vigilância genômica do VSR no estado.

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