Hidroxiureia induz a expressão de genes antioxidantes em células endoteliais de veia umbilical e de sangue periférico

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Um estudo conduzido por pesquisadores da Fiocruz Bahia investigou o potencial antioxidante da hidroxiureia (HU) e seus efeitos na modulação da resposta celular antioxidante. A HU é considerado o fármaco “padrão-ouro” para o tratamento da doença falciforme, uma enfermidade genética do sangue que, em vez de produzir a hemoglobina (Hb) A, produz a hemoglobina denominada S (HbS), que pode estar em homozigose (HbSS) ou em associação com outra hemoglobina variante (p. ex., HbSC, HbSE, HbSE ou talassemias) repercutindo em problemas sistêmicos graves, a exemplo das crises álgicas (decorrentes da vasoclusão) e anemia (decorrente das hemólises).  

Os resultados do trabalho coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, que tem como primeiro autor Sânzio Santana, estudante egresso do Programa de Pós-graduação em Patologia Humana (PgPAT – UFBA/ Fiocruz Bahia) foram publicados na revista científica Frontiers in Immunology, no tópico Inflammatory Mechanisms of Hemolytic Diseases. Na pesquisa, foi investigado o efeito da HU na neutralização de radicais livres e estimulação de genes antioxidantes em células mononucleares de sangue periférico humano (PBMC) e células endoteliais da veia umbilical humana (HUVEC). 

No artigo, os pesquisadores explicam que a liberação excessiva de heme nas crises hemolíticas, uma molécula pró-oxidante formada por um anel heterocíclico (protoporfirina IX) que contém um átomo de ferro no centro, contribui para a gravidade da anemia falciforme, atuando na oxidação da hemoglobina S (HbS), inflamação e dano tecidual sistêmico. Neste contexto, o heme liberado nas crises hemolíticas merece grande atenção por possuir grande relevância na repercussão fisiopatológica da anemia falciforme, sendo utilizado neste estudo para mimetizar o microambiente hemolítico in vitro. 

Após confirmar o potencial de eliminação de radicais livres pela HU, utilizando o composto radical DPPH na ausência de células, os autores confirmaram esse efeito mostrando a redução significativa nas espécies reativas de oxigênio intracelular em HUVEC tratadas com HU na presença de hemina. Em seguida, os pesquisadores mostraram que a HU foi capaz de induzir a expressão gênica de enzimas antioxidantes em HUVEC e PBMC de forma heterogênea, e as análises de microarranjo em HUVEC sugeriram que essa indução de genes antioxidantes ocorre pela via de sinalização Nrf2. 

Segundo os cientistas, esses achados são de grande importância, expandindo a compreensão sobre os mecanismos primários da HU que costumam ser atribuídos a indução de Hb fetal (HbF) e a liberação de óxido nítrico (NO). No entanto, estudos adicionais in vitro e in vivo serão necessários para validar os desdobramentos funcionais da via antioxidante mediada por Nrf2 proposta pelo presente estudo.

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