Seminário sobre equidade de gênero e raça na ciência marca Novembro Negro

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O Seminário Equidade Étnico-racial e Gênero nas Ciências aconteceu nos dias 28 e 30/11, no contexto da campanha do Novembro Negro. O primeiro dia reuniu, na Fiocruz Bahia, autoridades, pesquisadores e representantes de instituições de pesquisa, fomento, ensino e da sociedade civil. O evento, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e pelo Instituto Serrapilheira, tem como principal objetivo discutir temas relacionados à divulgação científica e popularização da ciência, no âmbito da equidade de gênero e raça. 

A mesa de abertura foi composta pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; a diretora de Políticas e Programas da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), Sahada Luedy Palmeira, representando o secretário André Joazeiro; Silene Assis, representando a Deputada Estadual Olívia Santana; a secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Ângela Guimarães; a integrante do Comitê Estadual da Saúde da População Negra e assessora da Sepromi, Aline Teles, e a coordenadora da área de Divulgação Científica na Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristina Araripe. 

Os participantes foram recebidos por Lorena Magalhães, coordenadora do Núcleo Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz Bahia. A representante da Secti falou da importancia da união de esforços que resultem no aumento da presença de negros e mulheres na Ciência, Tecnologia e Invovação. “Essa é uma premissa da secretaria e estamos de portas abertas para esses projetos que tenham questões de gênero e raça como prioridade”, afirmou Sahada Palmeira. 

A secretária da Sepromi disse que celebra o trabalho cotidiano de instituições como a Fiocruz e a mobilização popular pela inclusão. “A sociedade clama para que a diversidade da qual nós somos formados, os olhares, as experiências, sejam refletidos na produção científica, porque não há produção científica neutra. Para o alvorecer de uma sociedade com bases civilizatórias verdadeiramente democráticas, é necessário que a diversidade, que é própria da humanidade, seja absorvida”.

Marilda Gonçalves comentou como o fato de a Fiocruz ter tido a primeira presidente mulher com 120 anos da Fundação motivou ações institucionais voltadas para questões de gênero, como o projeto “Mulheres e meninas na ciência”. “Essas ações são importantes, porque as mulheres precisam estar em todos os lugares, inclusive em cargos de liderança”. A diretora ressaltou a importância de discutir, junto à questão de gênero, a equidade racial na produção e divulgação científica. “O racismo é estrutural e nós temos a responsabilidade de lutar contra ele. Quero viver para ver que uma mulher negra não precisará provar, mais do que todas as outras pessoas, que ela é capaz”, afirmou.

Cristina Araripe, que coordena o “Meninas e mulheres na ciência”, observa que esse é um tema abrangente, fundamental para as instituições de Ciência e Tecnologia e as universidades. “As instituições precisam realmente ter políticas voltadas para enfrentamento do problema do racismo e o compromisso com a luta das mulheres de forma geral”.

Raika Moisés, da Gestão de projetos e Divulgação Científica do Instituto Serrapilheira, abordou a equidade racial na produção e divulgação científica na instituição em que atua, na primeira palestra da programação, mediada por Antonio Brotas, coordenador da Gestão da Comunicação e Divulgação Científica da Fiocruz Bahia.

Pela tarde, a mesa redonda “População negra brasileira e a busca por equidade racial na ciência”, teve a participação de Romilson da Silva, da Associação dos Pesquisadores Negros da Bahia, Michel Chagas, do Instituto Serrapilheira, e Lázaro Cunha, do Instituto Steve Biko, mediada por Aline Teles. O debate sobre “Avanços e desafios para as mulheres na ciência” da segunda mesa encerrou a programação do dia, com a presença de Marilda Gonçalves, Cristina Araripe e Joilda Nery, professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA).

Colégio Central da Bahia

Na quinta-feira (30/11), a programação foi dedicada aos alunos da rede pública estadual que puderam participar de palestras, oficinas, rodas de conversa e mostra de Ciências. Com o tema “Divulgação Científica e Educação antirracista’, a mesa de abertura, mediada pelo coordenador da Gestão de Comunicação e Divulgação Científica da Fiocruz Bahia, Antônio Brotas, contou com a participação do historiador Maurício Neto, da coordenadora do Núcleo Pró-equidade de Gênero e Raça da Fiocruz Bahia, Lorena Magalhães e do presidente da Associação de Pesquisadores Negros da Bahia, Romilson Santos. O evento, realizado no Colégio Central da Bahia, contou com a presença de estudantes do Colégio 2 de Julho, do Colégio Estadual Dinah Gonçalves e do Colégio Estadual Professor Carlos Barros, além dos alunos da casa.

Logo após a abertura, os alunos participaram da oficina formativa antirracismo, com o Coletivo Auto-organizado de Estudantes e Profissionais Negras e Negros da Medicina – NegreX, oficina de fotografia com o fotojornalista Caique Fialho e oficina de podcast com a professora e apresentadora do Podcast (Com)ciência Negra, Lorena Ribeiro. 

Os pesquisadores associados do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde – Cidacs, Félix Neves, Idália Oliveira e Laís Sacramento, foram os responsáveis pela roda de conversa ‘Negro, Negra e Pesquisador (a): Como construir uma carreira científica?’ que apresentou os caminhos para a construção de uma carreira científica e as suas diferentes possibilidades. 

Durante as atividades, os participantes puderam aprender um pouco sobre a leishmania e suas formas, visualizando larvas, ovos e flebótomos. A programação contou ainda com mostra científica com realização de experimentos, demonstração de teste de Ph, observação de microrganismos e células falciformes em microscópio, observação de lâminas histológicas e utensílios de laboratório. Os expositores também apresentaram ainda coleção de mosquitos da Fiocruz Bahia. 

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