Dissertação avalia o potencial terapêutico de L. lactis na leishmaniose cutânea

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Autoria: Camila Mattos Andrade
Orientação: Cláudia Ida Brodskyn
Título da dissertação: Lactococcus lactis produtor de HSP65 como alteranativa terapêutica complementar para leishmaniose cutânea causada por Leishmania braziliensis“.
Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental
Data de defesa: 24/03/2022
Horário: 10h00
Local: Sala virtual do Zoom

RESUMO

INTRODUÇÃO: A leishmaniose é um conjunto de doenças negligenciadas, e uma das suas formas mais frequente no Brasil é a leishmaniose cutânea causada Leishmania braziliensis (L. braziliensis). Esta forma clínica é caracterizada por lesões cutâneas únicas na forma de úlcera com bordas elevadas e fundo necrótico, causada principalmente pela resposta inflamatória exacerbada, induzida por células Th1 produtoras de IFN-γ e apresentando um número reduzido de parasitas no local da lesão. Em modelos de doenças autoimunes e inflamatórias, o uso da indução de tolerância oral (TO) tem se mostrado promissor no desenvolvimento de estratégias terapêuticas, pois os mecanismos regulatórios gerados pela TO diminuem a inflamação causada nestas doenças. Trabalhos da literatura têm mostrado que as Lactococcus lactis (L. lactis), bactérias lácticas, não patogênicas e Gram-positivas são boas ferramentas para a indução da TO. Neste trabalho, utilizamos a cepa recombinante de L. lactis geneticamente modificada produtora da proteína de choque térmico 65 (Hsp65) derivada do Mycobacterium leprae. A Hsp65 possui um papel regulador importante no sistema imune, modulando principalmente respostas inflamatórias devido a sua capacidade de inibir a produção de citocinas, como TNF e IFN-γ, e de aumentar IL-10 pelas células T regulatórias (Tregs). OBJETIVO: Avaliar o potencial terapêutico da administração oral de L. lactis produtoras de Hsp65, como tratamento imunomodulador em modelo experimental de leishmaniose cutânea causada por L. braziliensis em camundongos BALB/c. MATERIAIS E MÉTODOS: Camundongos BALB/c foram desafiados na orelha com promastigotas metacíclicas de L. braziliensis. Após quatro semanas de infecção, os animais foram tratados por via oral com L. lactis produtoras ou não de Hsp65 durante quatro dias consecutivos. Nos diferentes grupos de animais avaliou-se a espessura da lesão, a carga parasitária, citocinas produzidas pelas células dos linfonodos drenantes da lesão e a frequência de células Tregs envolvidas na indução da TO durante todo o período de infecção. RESULTADOS: O acompanhamento semanal da espessura das lesões durante a infecção mostrou que, os animais tratados por via oral com L. lactis produtora de Hsp65 desenvolveu lesões menores e apresentaram uma menor destruição tecidual após o tratamento comparados aos animais dos grupos controles (Lb e Lb/Ø). O tratamento oral com Hsp65 reduziu a carga parasitária a partir de 6 semanas de infecção em relação aos animais que não receberam Hsp65. Foi observado também uma redução na produção de IFN-γ nos linfonodos drenantes da lesão dos animais tratados com Hsp65 seguido de um aumento de IL-10, evidenciando um balanço entre a produção de citocinas pro- e anti-inflamatórias. O tratamento oral com L. lactis produtora de Hsp65 também promoveu o aumento da frequência de células Tregs como CD4+CD25+Foxp3 + e CD4+LAP+ (TGF-β associado à membrana) nos linfonodos drenantes da lesão causada por L. braziliensis. CONCLUSÃO: A utilização da TO utilizando a proteína heteróloga Hsp65 apresenta boas perspectivas para seu emprego no tratamento da leishmaniose cutânea.
Palavras-chave: Hsp65, Leishmaniose, Leishmania braziliensis, Lactococcus lactis, Tolerância oral.

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