Dissertação avalia efeito imunomodulador da metformina na infecção por Leishmania

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AUTORIA: Filipe Rocha Lima
ORIENTAÇÃO: Sérgio Marcos Arruda
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: “Avaliação do efeito imunomodulador da metformina na infecção por Leishmania braziliensis”.
PROGRAMA: Pós-Graduação em Patologia Humana- UFBA /FIOCRUZ
DATA DE DEFESA: 28/11/2019
HORÁRIO: 14h

RESUMO

INTRODUÇÃO: Diabetes é classificada como um fator de risco para doenças infecciosas e endêmicas, em países tropicais. O aumento da incidência na gravidade das manifestações clínicas em pacientes com doenças metabólicas, como a DM2, ocorre devido a inflamação crônica induzida pelo aumento dos níveis plasmáticos de glicose e lipídios exógenos. Portanto, infecções cutâneas causadas por patógenos, no Brasil, como L. braziliensis (L.b), causador da leishmaniose cutânea (LC), representam um modelo proposto para avaliar o efeito da associação entre DM, uso da metformina, fármaco hipoglicemiante de primeira escolha para o tratamento hipoglicemiante da DM e mais amplamente utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS), e suas interferências na resposta imune in situ e sistêmica do hospedeiro contra o protozoário. Tendo em vista, os efeitos adicionais da metformina (MET) pela capacidade moduladora na resposta imunológica inata e adaptativa do hospedeiro.

OBJETIVO: Avaliar o efeito imunomodulador da metformina em modelo experimental de infecção por L.b e em pacientes diabéticos.

MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de caso-controle, amostra de conveniência, de caráter investigativo e descritivo em pacientes com LC com e sem DM. Adicionalmente, um estudo experimental de infecção com L.b e tratamento com MET in vivo em camundongos BALB/c e in vitro em macrófagos Raw 264.7.

RESULTADOS: Pacientes com DM desenvolvem LC atípica, com menor frequência de necrose e diminuição do número de células T CD8+, nas lesões. MET no modelo experimental in vivo induziu diminuição de TNF-α e IL-12p70 séricos, interferiu na cinética da lesão e esteve associado a aumento da carga parasitária no local da inoculação e nos linfonodos ipsilaterais. In vitro, em macrófagos tratados com MET, foi observado redução da proliferaçãocelular e não houve interferência na viabilidade celular. Diminutas concentrações de MET no cultivo de L.b permite a manutenção da fase estacionária de crescimento. Na infecção in vitro por L.b e células tratadas com MET, observou-se aumento do número de macrófagos infectados e da carga parasitária. MET e infecção por L.b isoladamente promove a produção de EROs intracelular, contudo os níveis de EROs são reduzidos em macrófagos tratados com MET e submetidos a infecção com L.b.

CONCLUSÃO: DM e MET podem interferir no fenotípico das lesões cutâneas através da modulação no infiltrado celular no local da inflamação, assim como, na extensão e frequência da necrose na LC em pacientes diabéticos. De forma sistêmica, o tratamento experimental com MET foi capaz de reduzir os níveis de citocinas indutoras de uma resposta Th1, descrita como protetora para o controle parasitário, como também e interferir na cinética da ulceração cutânea e causando aumento da carga parasitária. As evidenciais experimentais foram comprovadas em ensaios de cultivo celular nos quais a MET aumentou a carga parasitária, alterou a produção de EROs e modulou a proliferação celular. Diante dessas evidências conclui-se que o uso de MET piora a evolução da leishmaniose cutânea e o uso em diabéticos em regiões endêmicas para LC deve ser avaliado.

Palavras-chave: Metformina. Leishmaniose cutânea. Diabetes. Imunomodulação.

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