Desempenho diagnóstico de proteínas para a doença de Chagas é tema de estudo

fred luciano chagasO pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano, foi o primeiro autor do artigo Accuracy of chimeric proteins in the serological diagnosis of chronic chagas disease – a Phase II study, publicado no periódico PLOS Neglected Tropical Desease, no dia 8 de março. O trabalho, desenvolvido em parceria com o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná), Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) e Biomanguinhos (Fiocruz-RJ), descreve um estudo de Fase II, que buscou testar o desempenho diagnóstico de quatro proteínas quiméricas para a doença de Chagas.

O diagnóstico laboratorial da doença de Chagas crônica é baseado na pesquisa de anticorpos específicos contra o parasita causador da doença, o Trypanosoma cruzi. Diversas metodologias diagnósticas estão comercialmente disponíveis, mas os seus desempenhos dependem da matriz antigênica utilizada para identificar estes anticorpos.

Neste estudo, os pesquisadores testaram, através de imunoensaio, o desempenho diagnóstico das proteínas quiméricas IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.4, compostas por diversos epítopos repetitivos do parasita. Inicialmente, os antígenos foram expressos em Escherichia coli e purificados por métodos cromatográficos. Após esta etapa, foi avaliada a acurácia das proteínas em diagnosticar a doença de Chagas crônica, utilizando amostras de soro de 857 indivíduos portadores da doença e de 689 indivíduos não infectados.

Os resultados mostraram valores do odds ratio diagnóstico (ORD) – medida de eficácia de um diagnóstico – de 6.462 para o antígeno IBMP-8.1, 3.807 para o IBMP-8.2, 32.095 para o IBMP-8.3 e 283.714 para o IBMP-8.4, números superiores àqueles encontrados para alguns testes comerciais. Também foram analisadas 1.079 amostras de indivíduos positivos para outras doenças, para verificação de reações cruzadas, e o índice de reatividade encontrado foi considerado baixo, variando de 0,37% a 0,74%, mesmo para Leishmania spp., patógeno que apresenta similaridade antigênica com o T. cruzi.

O conjunto dos resultados permitiu concluir que as proteínas IBMP são estáveis e apresentaram resultados reprodutíveis. Além disso, os achados mostram que o antígeno IBMP-8.4 pode ser seguramente usado em testes sorológicos para T. cruzi, tanto para triagens em bancos de sangue quanto para o diagnóstico laboratorial da doença.

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Especialistas sugerem escala de pontuação de sinais clínicos para ajudar no diagnóstico da leishmaniose

MEMORIAS IOC-Scoring clinical signs can help diagnoseEm artigo publicado no periódico “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”, em janeiro de 2017, pesquisadores discutem o desenvolvimento de uma escala de pontos para facilitar o diagnóstico da leishmaniose visceral canina. Intitulada Scoring clinical signs can help diagnose canine visceral leishmaniasis in a highly endemic area in Brazil, a publicação conta com a assinatura dos pesquisadores da Fiocruz Bahia Aldina Maria Prado Barral e Manoel Barral Netto, atual vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz.

A leishmaniose visceral é uma doença causada pela infecção do protozoário Leishmania infantum chagasi, transmitida através da picada do mosquito-palha e disseminada na América Latina. Caracteriza-se por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia. No Brasil, país onde ocorrem 90% dos casos na América Latina, mais de 3.300 pessoas são afetadas todo ano.

A zoonose, a princípio considerada rural, vem se expandindo para o meio urbano. Nas cidades, os cães são os principais reservatórios do parasita e, por essa razão, são considerados a principal fonte de infecção. Contudo, devido a uma limitação de recursos para diagnóstico em áreas endêmicas de leishmaniose visceral, a identificação dos cães infectados é dificultada.

Nesse contexto, em parceria com a Universidade Federal do Piauí, Universidade Federal da Bahia e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, a equipe de especialistas propôs uma escala de pontuação com o potencial de distinguir casos positivos e negativos de infecção da leishmaniose visceral canina, que varia de acordo com sinais clínicos e gravidade das lesões. O trabalho foi desenvolvido com avaliação de 265 cães que apresentaram resultado positivo para leishmaniose visceral no teste diagnóstico ELISA e em testes parasitológicos.

Resultados – Constatou-se que cães infectados tiveram uma maior manifestação da maioria das evidências clínicas, previstos na escala de pontuação, como aumento dos gânglios linfáticos, lesões de focinho e orelha, estado nutricional, mucosa pálida, onicogrifose, lesões cutâneas, hemorragia, despigmentação do focinho, alopecia, blefarite e ceratoconjutivite em relação aos não infectados ou daqueles com erliquiose, que pode ser uma condição confundidora para o diagnóstico de LVC no Brasil.

Concluiu-se que a pontuação baseada nas evidências clínicas pode auxiliar veterinários a identificar de forma mais precisa cães infectados em áreas endêmicas, que contam com recursos limitados para o diagnóstico.

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