O Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz convida para a próxima edição do Trajetórias Negras na Fiocruz, que acontecerá pela primeira vez em uma unidade regional: na Fiocruz Bahia, dia 18 de março, às 9h. O evento faz parte da campanha 21 dias de ativismo contra o racismo e será transmitido pelo canal da VideoSaúde no YouTube.
Participarão do encontro as trabalhadoras da Fiocruz Bahia Lorena Magalhães, Karina Ferreira dos Santos Soares, Marcela Maiana Ramos da Silva e Carine Machado Azevedo. Luciana Lindenmeyer, da coordenação colegiada do Comitê Pró-Equidade, fará a mediação.
Ao longo dos anos, pesquisadoras de diferentes áreas foram fundamentais para a construção da trajetória da Fiocruz Bahia. A presença feminina na instituição contribui para avanços na saúde pública e para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também para uma comunidade científica maisequânime e diversa.
Por isso, nesta data especial, a Fiocruz Bahia parabeniza a todas as mulheres que, com responsabilidade e dedicação, ajudam a construir um futuro melhor para toda a sociedade.
A pesquisadora da Fiocruz Bahia, Nelzair Vianna, está coordenando o monitoramento da qualidade do ar, do Observatório do Clima, nos principais circuitos da folia, Osmar (Centro) e Dodô (Barra/Ondina). A iniciativa faz parte do projeto Carnaval Sustentável, da Prefeitura de Salvador. Dois equipamentos foram instalados, um deles no Campo Grande e o outro na Barra.
Trata-se de um projeto que está contando pela primeira vez com equipamentos mais completos que conseguem medir todos os parâmetros previstos pela legislação brasileira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Esta também é uma iniciativa do Grupo de Trabalho C40 para Qualidade do Ar em Salvador, que integra a rede C40 de Cidades para liderança do Clima, na qual Salvador é signatária de Ar Limpo.
Ivan Euler, titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), diz que a ideia é usar os resultados deste monitoramento para, cada vez mais, tomar decisões informadas e criar uma festa que, além de ser alegre e vibrante, também seja responsável e sustentável. “O Observatório do Clima é mais um passo em nossa busca por soluções que promovam um futuro mais saudável para Salvador e seus cidadãos”, afirma.
Monitoramento – Os equipamentos do Observatório do Clima irão medir tanto os gases como as partículas presentes no ar. O grupo de pesquisa responsável pelas observações registrará os dados numéricos coletados, de maneira isolada, e também fará uma interpretação desses dados com base nos Índices de Qualidade do Ar estabelecidos pela legislação, indicando se o ar está bom, regular, moderado ou em alerta para a saúde das pessoas. Essa indicação será ilustrada por cores.
Nelzair Vianna, que também é representante da capital baiana no GT do C40, além de fiscal da Vigilância Sanitária de Salvador, conta que o estatuto de festas populares em Salvador estabelece algumas regras e uma delas refere-se ao monitoramento das fontes emissoras de poluição do ar durante esses eventos, sendo esse item no decreto fruto do seu grupo de estudos. O projeto já está atendendo ao estatuto de festas populares.
“É importante monitorar o ar, especialmente para poder controlar riscos para a saúde e o ambiente, além de fornecer dados que possam ser usados futuramente no planejamento dessa festa no sentido mais sustentável possível. A partir do momento em que conhecemos o tipo de poluição e como ela está sendo gerada, podemos propor políticas para a mitigação, reduzindo a exposição direta aos poluentes e também a redução dos gases de efeito estufa”, explica a coordenadora.
Ventilação adequada – Segundo a pesquisadora, a partir das informações coletadas será possível pensar, por exemplo, em como melhorar a ventilação do circuito, reduzindo a concentração de poluição; sugerir que nos próximos carnavais os trios elétricos possam utilizar uma matriz energética mais limpa, a exemplo do biodiesel que, para os pesquisadores, representa um começo, pois o desejo é que os trios sejam literalmente elétricos; além de fazer um melhor planejamento sobre onde instalar os geradores na avenida, considerando a ventilação e o fluxo dos ventos. E sobretudo informar a população sobre medidas de proteção da sua saúde evitando a exposição aos locais de maior concentração desses poluentes.
“Veremos também com esse monitoramento a direção da poluição. A análise dos dados permitirá, por exemplo, verificar pela rosa dos ventos de onde está vindo a poluição. Isso pode ser importante para planejar a ventilação adequada da festa, para que essa poluição seja dissipada e cada vez mais reduzida”, complementa.
A iniciativa conta com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Defesa Civil de Salvador (Codesal) e das secretarias de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (SACPB), de Mobilidade (Semob), de Ordem Pública (Semop), de Cultura e Turismo (Secult), de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) e da Saúde (SMS) e da ACOEM Brasil com apoio técnico.
O Núcleo de Estudos em Saúde Indígena (NESI) realizou testagens para dengue, chikungunya, sífilis e doença de Chagas, em território indígena dos municípios de Rodelas, Glória e Paulo Afonso, na Bahia, entre 08 e 15 de fevereiro. As ações contemplaram as etnias Tuxá, Pankararé, Atikun, Kantaruré, Xucuru-Kariri, Kariri-Xocó e Truká.
No total foram recrutadas 1197 pessoas para participarem dos estudos que têm como objetivo principal identificar a soroprevalência de diversas doenças infecciosas que podem afetar a população indígena, incluindo dengue, zika, chikungunya, sífilis e doença de Chagas, além de desenvolver estratégias de educação em saúde e na prevenção de enfermidades.
“Nossa equipe foi muito bem recebida pelos profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI-BA), pelas lideranças indígenas e pelas comunidades. O trabalho foi muito rico, pois os povos indígenas do norte da Bahia são muito diversos. Também tivemos a oportunidade de conhecer e trabalhar em diferentes territórios e com diferentes etnias”, avalia Isadora Siqueira, pesquisadora da Fiocruz Bahia e coordenadora do NESI.
Ricardo Almeida, coordenador do DSEI-BA Polo Paulo Afonso reforça como as testagens ajudam a identificar doenças silenciosas na região. “Como enfermeiro e indígena Tuxá, é muito gratificante a gente ver esses projetos em nossas comunidades, pois sabemos da dificuldade de acesso. Essas ações fortalecem as políticas de saúde de prevenção, controle e tratamento dessas patologias em prol das comunidades indígenas”, declara.
Heliana Sandi, Secretária Municipal de Saúde de Glória, considera o projeto relevante para detectar rapidamente as doenças infecciosas dos povos indígenas da região. “O município irá apoiar no tratamento para o que for necessário. Espero que possamos estender o projeto para os nossos povos, para os nossos munícipes de Glória, para abranger a área um todo, conseguir diagnosticar o mais breve possível e tratar. Nossa população precisa e merece esse acolhimento”.
A diretora da Escola Estadual Indígena Xucuru Kariri e liderança da Aldeia Xucuru Kariri, Magda Xucuru, ressalta a importância do programa na comunidade. “Hoje fizemos a mobilização com a escola, alunos e pais para que todos estivessem presente e fizessem as testagens, para ter uma qualidade na saúde”, afirmou.
O Cacique Elismar Lima, da Aldeia Nova Pankararé, também expressou sua gratidão: “Venho agradecer a esse projeto que é maravilhoso para as comunidades indígenas e que vem agregando muito, realizando esses exames pela primeira vez. Quem não pode fazer um exame desse pela rede particular, e sabemos que demora muito pela rede pública, com esse projeto chega e já faz o exame. Muito obrigado a cada um que está envolvido nesse projeto”.
As atividades foram lideradas pela pesquisadora Isadora Siqueira e pelo pesquisador Fred Luciano Neves, da Fiocruz Bahia, em colaboração com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com o Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI-BA). Para a realização das atividades, a equipe do NESI contou com o apoio de profissionais de saúde locais das Unidades Básicas de Saúde Indígena, além de estudantes e conveniados da Fiocruz Bahia.
O Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) informa que foram prorrogadas, até dia 26 de fevereiro, as inscrições do processo de credenciamento e recredenciamento para docentes do PgBSMI.
Clique aqui para consultar a Resolução Nº 002/2025.
Para facilitar o envio das informações, o PgBSMI preparou um formulário online. Basta acessar este link e preencher os campos.
Equipe do projeto administrou a primeira dose do medicamento em janeiro.
Pesquisadores da Fiocruz Bahia iniciaram um ensaio clínico com o medicamento arpraziquantel para tratamento da esquistossomose em crianças com idade entre três meses e seis anos. O objetivo é avaliar a eficácia, segurança e possíveis eventos adversos nesse público. A primeira dose foi administrada em um paciente em janeiro de 2025, no município de Conde, na Bahia, área endêmica da doença.
A pesquisa será realizada ao longo de um ano, em seis municípios, três da Bahia e três de Sergipe, e pretende avaliar um grupo de 403 crianças, um que abrange 163 na faixa etária de três meses a três anos e outro de 240 com idade entre quatro e seis anos. Neste último, metade receberá arpraziquantel e outra metade praziquantel, medicamento já utilizado para tratamento de esquistossomose em adultos e crianças acima de quatro anos, para comparação.
Cada participante receberá o arpraziquantel, de dose única, e será acompanhado por três semanas. O comprimido é dissolvido em água e possui gosto agradável, característica que contribui para a ingestão pelas crianças, diferente do praziquantel que é um comprimido comum. Além disso, a nova formulação possui características para resistir aos desafios de calor e umidade dos países tropicais, onde a doença é mais prevalente.
A esquistossomose, causada pelo parasito Schistosoma mansoni no Brasil, afeta o trato intestinal e outros órgãos, como fígado e baço. Em crianças, pode causar anemia e sequelas mais graves. A enfermidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das 20 doenças mais negligenciadas e atinge, principalmente, populações vulnerabilizadas.
“Não há tratamento contra esquistossomose para crianças abaixo de quatro anos. Esse medicamento, que é produzido por Farmaguinhos/Fiocruz, vem para cobrir essa lacuna da assistência aos portadores da doença. Também pode trazer o benefício de auxiliar na adesão ao tratamento de crianças acima de quatro anos, já que é mais fácil de ser administrado e apresenta melhor palatabilidade”, comenta o pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do estudo, Ricardo Riccio.
O projeto tem como vice-coordenadora a pesquisadora Isadora Siqueira, além da participação dos pesquisadores Mitermayer Galvão Reis e Luciano Kalabric, da Fiocruz Bahia, e é realizado em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Ceará (UFC). A nova formulação foi desenvolvida por um consórcio que conta com a participação do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), produtor do medicamento utilizado no estudo.
O diretor do Instituto conta sobre a importância do medicamento para a erradicação da esquistossomose. “O desenvolvimento da formulação pediátrica pelo Consórcio foi essencial para cobrir este público que era negligenciado. Foram anos de dedicação, com um trabalho conjunto entre instituições públicas e privadas, que resultaram neste medicamento inovador e essencial para o tratamento da doença em crianças. Acompanharmos agora este estudo com mais de 400 pacientes é gratificante. Esperamos, em breve, fornecer o arpraziquantel para países africanos e regiões endêmicas de todo o Brasil”, afirma Jorge Mendonça.
André Daher, coordenador da Plataforma de Pesquisa Clínica da Fiocruz, que patrocina e oferece suporte ao projeto, explica que a iniciativa é realizada dentro do Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto), fazendo uma integração inédita com três projetos de diferentes unidades da Fundação, que envolvem diagnóstico, tratamento e indicadores em esquistossomose. “Se trata de um plano de desenvolvimento que envolve um consórcio internacional, um produtor e uma fábrica públicos, que vão gerar informações sobre esse tratamento e diagnóstico. Além disso, serão geradas amostras que ficarão armazenadas no biobanco da Fiocruz Bahia, que podem responder a perguntas futuras”, declara.
Comprimidos de arpraziquantel que podem ser diluídos em água.
Daher também destaca o caráter inovador. “Desenvolver um produto pediátrico já é uma inovação, mas o arpraziquantel é a formulação pediátrica de um isômero, molécula que tem mais atividade do que o praziquantel, mas com menos gosto, um processo químico bastante refinado. É a produção de conhecimento sendo conduzida nos mais rigorosos padrões de qualidade”, pontua.
A pesquisadora do projeto, Camilla Almeida, ressalta que o estudo clínico de fase três possui a peculiaridade de ser realizado em campo, o que traz oportunidades e desafios. “Como essa é a especialidade da nossa equipe, conseguimos estruturar um bom plano de monitoramento de segurança para os participantes. Esse estudo é de suma importância e vai somar aos esforços para a eliminação da esquistossomose nas nossas crianças”, conclui.
Desenvolvimento pediátrico – O medicamento foi fruto do projeto de desenvolvimento do Consórcio Praziquantel Pediátrico, do qual Merck Healthcare KGaA e Farmanguinhos fazem parte e tem o importante papel finalístico de serem o detentor do registro internacional e o primeiro local de fabricação do produto, respectivamente.
Em 2024, Farmanguinhos submeteu o medicamento para registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e aguarda a aprovação. A produção em Farmanguinhos/Fiocruz abastecerá o Sistema Único de Saúde (SUS) e regiões onde a doença é mais endêmica, especialmente no continente africano. Com reconhecimento internacional, o arpraziquantel recebeu parecer científico favorável da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e foi incluído na Lista de Medicamentos Pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2023 e 2024, respectivamente.
Ao desenvolver, registrar e fornecer acesso ao medicamento voltado para o público pediátrico, o Consórcio contribui para a eliminação da esquistossomose como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.
O curso “Correlação Clinicopatológica” será realizado entre os dias 17 e 22 de março, na Fiocruz Bahia, com carga horária de 30h. As inscrições podem ser realizadas até o dia 08 de março, neste link. Estão disponíveis 20 vagas para estudantes de medicina, com vagas preferenciais para alunos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
A capacitação tem como objetivo aprimorar o raciocínio clínico e patológico e colaborar para definição das melhores condutas, através de discussões interativas de casos clínicos com especialistas. Um dos pré-requisitos para participar é ter cursado as disciplinas Semiologia 1, 2 e 3. As aulas acontecem segunda, terça, sexta e sábado, das 08h às 12h, e quarta e quinta, das 14h às 18h.
Em caso de dúvidas, entre em contato pelo e-mail correalacaoclinicopatologico@gmail.com.
O Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) divulga a Resolução Nº 002/2025 e informa que está aberto o processo de credenciamento e recredenciamento para docentes do PgBSMI. As submissões devem ser realizadas até 24 de fevereiro de 2025.
Pesquisadores identificaram os principais preditores da incidência da tuberculose no Brasil, analisando os registros da doença no período de janeiro de 2018 a dezembro de 2023, e realizaram projeções para o período de 2024 a 2030. Os resultados sugerem que as políticas públicas atuais, embora valiosas, não estão sendo suficientes para reduzir a carga da tuberculose, de acordo com o plano de eliminação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O trabalho, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, foi publicado no The Lancet Regional Health – Americas, com o objetivo de avaliar possíveis impactos de intervenções estratégicas de saúde pública para redução da incidência da doença no país. Em 2023, a incidência da tuberculose no Brasil foi de 39,8 casos por 100.000 habitantes, muito acima da meta da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 6,7 casos por 100.000. O estudo prevê que a incidência da doença no Brasil até 2030 será ainda maior: 42,1 por 100.000 pessoas por ano.
A pesquisa identificou como principais preditores o encarceramento e a comorbidade da tuberculose com HIV e diabetes mellitus, além de coberturas de terapia diretamente observada (DOT), contato e a conclusão de tratamento preventivo (TPT). Os desafios apontados para atingir as metas globais de eliminação da doença foram o acesso limitado à saúde, a não adesão ao tratamento, o impacto da pandemia da Covid-19 e a limitação de recursos para ações inovadoras no controle da doença na última década.
Os especialistas avaliaram que, caso houvesse aumento da cobertura de DOT, de adesão ao TPT e da investigação de contato, combinado com esforços para reduzir casos de tuberculose entre populações vulneráveis, a incidência poderia ser reduzida a 18,5 casos por 100.000, embora ainda seja um número acima das metas da OMS. Com essas intervenções, foram observadas reduções de 25,1% na incidência projetada até 2025 e 56,1% até 2030, destacando o potencial de estratégias integradas.
O artigo também ressaltou a necessidade de aprimorar os programas de controle da tuberculose em ambientes prisionais, por meio da melhoria da triagem, acesso ao TPT e conclusão do tratamento, bem como melhor cogestão de casos de coinfecção com HIV e diabetes, com aumento de testes e início do tratamento, para redução significativa das taxas nacionais de incidência da enfermidade.
Os dados utilizados no estudo foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-TB), no Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (Site-TB) e no Sistema de Informação para Notificação das Pessoas em Tratamento de ILTB (IL-TB).
Um estudo concluiu que a elevada transmissão do vírus chikungunya em Salvador em 2019 e 2020, gerando o que parecia ser uma grande epidemia em toda a cidade, foi na verdade constituída por vários surtos comunitários, sincronizados ou sequenciais. Os resultados do trabalho, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia e professor da UFBA, Guilherme Ribeiro, e que tem como primeiro autor, Hernan Argibay, pós-doutorando da Fiocruz Bahia e do Instituto de Saúde Coletiva (ISC-UFBA), foram publicados na Lancet Regional Health – Americas.
Os autores combinaram análises epidemiológicas e espaço-temporais para avaliar o padrão de distribuição dos casos notificados de chikungunya em Salvador ao longo da epidemia de 2019-2020, buscando compreender o modo de a disseminação desse vírus na cidade e os fatores sociais e ambientais associados à incidência da doença.
Mais de 19.000 casos de chikungunya foram registrados em Salvador entre 2016 e 2020, com aumento significativo nos anos de 2019 e 2020, que tiveram 4.549 e 13.071 casos notificados, respectivamente. Em 2016, foram notificados 977 casos, em 2017 foram 349 e em 2018 notificou-se 183.
O estudo identificou dezesseis clusters (aglomerados espaço-temporais) estatisticamente significantes durante as epidemias de 2019 e 2020, sendo nove em 2019 e sete em 2020, indicando que o vírus chikungunya exibe um padrão localizado de transmissão. Este achado sugere que, mesmo em cidades altamente afetadas por epidemias de chikungunya, pode haver bairros onde a transmissão viral foi baixa, formando bolsões populacionais que são potencialmente suscetíveis a futuros surtos.
Os resultados também demonstraram que a distribuição heterogênea dos casos na cidade foi relacionada a determinadas características dos setores censitários. Aqueles setores com maior renda média, densidade populacional humana e cobertura vegetal tiveram menor risco de chikungunya, enquanto os setores censitários com temperaturas mais altas tiveram maior risco de chikungunya.
No artigo, também é discutido o possível impacto da pandemia de Covid-19 na epidemia de chikungunya em 2020, em Salvador. Segundo os autores, a restrição ao deslocamento de pessoas pode ter contribuído para o aumento significativo de casos nesse período, levando em conta que a transmissão desta arbovirose ocorre principalmente no ambiente peridomiciliar. Além disso, houve redução nas ações de controle de vetores, uma vez que todos os esforços do setor de saúde foram direcionados para enfrentamento da pandemia. Por outro lado, se a menor mobilidade pode ter favorecido a disseminação local do vírus em certas comunidades, pode ter dificultado que o vírus alcançasse e estabelecesse transmissão em outras áreas.
Um estudo revisou trabalhos sobre a atuação de profissionais de enfermagem na assistência e cuidado a pacientes com doença de Chagas. A pesquisa, realizada com o objetivo de aumentar a conscientização entre os profissionais de saúde sobre o papel essencial do atendimento de alta qualidade no tratamento de pacientes com a forma crônica da doença, foi coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Santos, e publicada no periódico BMC Nursing.
O artigo destacou o papel desempenhado por enfermeiros na prestação de cuidados essenciais a portadores sintomáticos da doença de Chagas crônica, causada pelo parasito Trypanosoma cruzi. Esses profissionais são fundamentais no controle de sintomas, administração de medicamentos e monitoramento da saúde, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Utilizando a metodologia de revisão de escopo, que analisa a literatura sobre um tema específico, a equipe seguiu o método PRISMA-ScR para selecionar os artigos. A busca foi realizada nas bases de dados SciELO Brasil, PubMed e LILACS, utilizando palavras-chave como “doença de Chagas”, “enfermagem”, “cuidados de enfermagem” e “assistência de enfermagem”, em português, inglês e espanhol, no período de 1980 a 2022. Inicialmente, 633 estudos foram identificados, dos quais 17 foram selecionados para análise final, incluindo dois estudos observacionais, duas séries de casos e sete revisões de literatura.
Os resultados reforçam o papel crucial dos enfermeiros no suporte a pacientes com manifestações cardíacas e/ou digestivas da doença de Chagas crônica. Também foram abordadas intervenções voltadas para neonatos infectados e usuários de dispositivos como marcapassos e desfibriladores cardioversores implantáveis.
Os pesquisadores concluíram que a enfermagem é essencial em equipes multidisciplinares de cuidado, desempenhando um papel crítico na melhoria da qualidade de vida de pessoas com doença de Chagas crônica, independentemente da forma clínica apresentada. O estudo destaca ainda a importância de avaliar as necessidades subjetivas e objetivas de cada paciente, a fim de elaborar planos de cuidados personalizados que atendam às condições clínicas e demandas individuais.
O autor da dissertação, Leonardo Siquara, e a orientadora, Clarissa Gurgel.
O estudante Leonardo de Oliveira Siquara da Rocha, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Patologia Humana (PGPAT) da Fiocruz Bahia, foi reconhecido com uma menção honrosa no XIV Encontro Nacional de Pós-Graduação nas Áreas de Medicina da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em outubro, em São Paulo.
Orientado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Clarissa Gurgel, o estudante recebeu o prêmio pelo trabalho de mestrado, onde investigou o uso de esferóides tumorais como modelo para estudar interações complexas entre células tumorais. Essa pesquisa inovadora, focada na identificação e estudo das estruturas denominadas “cell-in-cell” em carcinoma de células escamosas, oferece novos insights sobre a dinâmica da comunicação celular no microambiente tumoral e, principalmente, o papel dos fibroblastos associados ao câncer, com potencial para avanços no entendimento da biologia das metástases e agressividade do tumor. A premiação ressalta o rigor científico do estudo e a contribuição da equipe para o conhecimento na área.
Leonardo compartilhou que ficou honrado com a menção honrosa. “Sei que o nosso trabalho está entre vários outros excelentes ao redor do Brasil, e é gratificante perceber a excelência do PGPAT através dos estudos que realizamos, especialmente por estarmos na região Nordeste que conta com poucos cursos nota 6, como é o nosso caso”, destacou.
A 14ª edição do Encontro Nacional de Pós-Graduação nas Áreas de Avaliação de Medicina I, II e III da CAPES reuniu gestores de instituições de ensino superior, coordenadores de programas, professores, estudantes, pesquisadores, secretários e outros profissionais que atuam nos mestrados e doutorados.
O periódico New England Journal of Medicine (NEJM) publicou uma coleção de estudos selecionados por seus editores como os mais notáveis e impactantes do ano de 2024, na medicina clínica. Entre os 14 selecionados está o trabalho “Vacina Butantan–Dengue Tetravalente, Atenuada e Viva em Crianças e Adultos”, no qual participaram as pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Aldina Barral e Viviane Boaventura.
A Butantan–Dengue (Butantan-DV) é uma vacina experimental, de dose única, viva, atenuada e tetravalente contra a dengue, que avaliou a eficácia geral em um estudo de fase 3 em andamento, duplo-cego, no Brasil. Os participantes foram designados aleatoriamente para receber Butantan-DV ou placebo, estratificados de acordo com a idade (2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos). Os pesquisadores concluíram que uma dose única de Butantan-DV preveniu dengue nos sorotipos 1 e 2 sintomáticos, independentemente do estado sorológico da dengue no início do estudo, durante 2 anos de acompanhamento.
O editor Scott B. Halstead destacou a relevância dos ensaios clínicos da vacina experimental brasileira, no texto intitulado “Three Dengue Vaccines — What Now?”. Halstead ressaltou que as vacinas existentes atualmente são administradas em três doses, no caso da Dengvaxia, e duas doses, no caso da Takeda, mais conhecida como Qdenga, que no Brasil está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “Dadas as realidades das dimensões da pandemia de dengue nos séculos XX e XXI, uma vacina tetravalente de dose única altamente eficaz continua em alta demanda. Os ensaios clínicos do Butantan-DV devem continuar e, se possível, ser expandido”, afirmou.
No conteúdo da publicação podem ser encontrados os resumos de artigos, editoriais de acompanhamento e resumos em linguagem simples dos estudos selecionados, além de uma carta do editor-chefe Eric J. Rubin. Acesse aqui.
O projeto da Fiocruz Bahia “Integração da Medicina de Precisão ao SUS: Implementação de Rede Multi-institucional para inovação no diagnóstico e tratamento de leucemias e linfomas” foi aprovado na chamada do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON), do Ministério da Saúde. A iniciativa tem como objetivo viabilizar a organização de uma rede colaborativa de pesquisas em tumores malignos hematológicos, liderada por uma equipe baiana, buscando benefícios para pesquisa científica na região Nordeste e para pacientes atendidos na região.
A rede, liderada pelas pesquisadoras da Fiocruz Bahia, Karine Damasceno e Eugênia Granado, trabalhará com ferramentas de inovação em saúde, no desenvolvimento de imunoterapias, definição de biomarcadores e no aprimoramento do diagnóstico e caracterização das patologias estudadas. O projeto também vai avaliar os fatores de risco e características socioeconômicas da população em estudo e contribuirá para o desenvolvimento de estratégias de promoção de saúde pública.
Durante o desenvolvimento, o projeto irá possibilitar o acesso de pacientes do SUS a testes importantes na definição do tratamento e prognóstico, como preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dos quais poucos são realizados na Bahia, o que possibilita a formação de uma equipe com expertise para a realização desses diagnósticos localmente, sendo estratégico para o desenvolvimento de novas tecnologias na região.
Um dos eixos do estudo pretende explorar a complexidade do microambiente tumoral no linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), por meio da identificação e validação de biomarcadores moleculares. Aliado ao uso de tecnologias de ponta, como imunofluorescência multiplex, ferramentas de patologia digital e inteligência artificial, essa inovação estratégica nos posicionará à frente no uso de tecnologias avançadas para diagnóstico, aprimorando nossa capacidade de fornecer análises detalhadas e precisas, fundamentais para o avanço da pesquisa e tratamento na área oncológica.
Além da participação de pesquisadores da Fiocruz Bahia, a rede será composta de hospitais oncológicos da Bahia, instituições de referência em pesquisa e inovação como a Fiocruz Ceará, o Instituto Carlos Chagas no Paraná, o Instituto Oswaldo Cruz e o Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro.
A segunda-feira, 16/12, foi marcada pela inauguração do Bio-IGM, o biobanco da unidade da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia. Com capacidade para armazenar mais de 600 mil amostras, a estrutura reúne amostras biológicas coletadas através das pesquisas desenvolvidas no âmbito da instituição. O biobanco representa um importante avanço, contribuindo para o fortalecimento da ciência aberta e o compartilhamento de dados e amostras, respeitando normas técnicas e éticas necessárias para o seu funcionamento.
Com uma estrutura robusta, o biobanco conta com ultrafreezers que alcançam a temperatura de -80ºC, refrigeradores, freezers -30ºC, um grande contêiner de nitrogênio líquido e equipamentos que garantem a qualidade e a segurança do armazenamento das amostras. O biobanco já conta com cerca de 40 mil amostras derivadas do diagnóstico da Covid-19, doença de Chagas e esquistossomose.
A mesa de abertura contou com a participação da diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; do Vice-Diretor de Pesquisa da Fiocruz Bahia, Ricardo Riccio; da superintendente de Desenvolvimento Científico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI, Isabel Sartori; da representante da Rede Fiocruz de Biobancos e da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas, Daiane Sertório; do Deputado Federal, Jorge Solla; e do superintendente de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia, representando a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), Luiz Henrique Gonzales D’utra. Em seguida, as curadoras do biobanco, Eugênia Granado e Adriana Lanfredi apresentaram o percurso desde a criação até a instalação de toda a estrutura.
A cerimônia também contou com a presença da diretora de Hematologia da Fundação Hemoba, Anelisa Costa Streva, da diretora do Laboratório Central de Saúde Pública-LACEN, Arabela Leal; e do assessor parlamentar Gabriel Carvalho, representando a deputada federal, Alice Portugal.
Durante o evento, a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves falou sobre a importância do biobanco para a realização de pesquisas. “A importância de um biobanco se dá exatamente para que essas etapas (construção e validação de métodos diagnósticos) sejam feitas de maneira rápida para que nós possamos dar respostas de Saúde Pública para a nossa população… Esse biobanco representa uma organização para que nós possamos enfrentar futuros agravos de Saúde Pública”, afirmou.
O Vice-diretor de Pesquisa, Ricardo Riccio, falou da importância de tornar a ciência aberta e acessível a todos, respeitando os critérios éticos e legais. “Temos hoje um dia festivo, um dia de muita felicidade para todos nós e esperamos que esse biobanco possa fortalecer todo o ecossistema de pesquisa da Bahia e da nossa região”, afirmou.
O Deputado Federal Jorge Solla destacou a importância de acompanhar e contribuir para conquistas como a criação do biobanco. “Conquistas como essa são fundamentais para o desenvolvimento das pesquisas em saúde em nosso estado. Então, para nós é muito importante estar acompanhando, contribuindo e presenciando as conquistas que estão sendo feitas”, ponderou.
A representante da Rede Fiocruz de Biobancos, Daiane Sertório, parabenizou a equipe de trabalho e destacou que, a partir de agora, o Bio-IGM passa a integrar a rede oficial da instituição, prestando um serviço para toda a comunidade científica. “Os biobancos não são só um repositório, eles são fontes de colaborações, de parcerias, são um fomento à translação do conhecimento para que pesquisa básica possa virar produtos e serviços para o SUS”, ponderou.
Representando a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, Isabel Sartori, reforçou o compromisso da SECTI com o desenvolvimento científico e tecnológico, destacando a parceria com a Fiocruz Bahia. “Esse é um momento de crescimento e de aprendizagem que eleva o desenvolvimento da ciência do estado da Bahia e do Brasil, e a importância da Bahia nesse cenário nacional e internacional”, destacou.
Representando a SESAB, Luiz Henrique Gonzales D’utra destacou a necessidade de investir em políticas e ações que ajudem a fortalecer o Sistema Único de Saúde. “Essa iniciativa é uma importante ferramenta para o desenvolvimento da pesquisa, para o desenvolvimento e apoio às políticas públicas e para a colaboração nacional e internacional em pesquisas”, enfatizou.
A cerimônia foi concluída com o descerramento da placa e uma visita guiada pelas instalações do biobanco.
Realizada entre os dias 11 e 13 de dezembro, a 5º edição do Prêmio Gonçalo Moniz de Pós-Graduação – Jornada Científica contou com apresentações de trabalhos em diferentes modalidades, premiando estudantes dos programas de mestrado e doutorado da Fiocruz Bahia nas categorias: Mestrado em Andamento, Mestrado Egressos, Doutorado em Andamento, Doutorado Egressos, Divulgação Científica e Sessão de Pôster.
A edição foi marcada pela homenagem do pesquisador Mitermayer Galvão à memória do médico e ex-dirigente da unidade, Aluízio Prata (1920-2011). Durante o evento, Mitermayer relembrou as experiências vividas ao lado do homenageado, destacando as suas contribuições para a instituição, para saúde e para a ciência. “O professor Prata é merecedor de todas as homenagens. Nós precisamos fazer justiça àquelas pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para as nossas vidas e para a ciência”, afirmou.
Natural da cidade de Uberaba, em Minas Gerais, Aluízio nasceu em 1 de junho de 1920. Aos 16 anos, deixou a cidade mineira e concluiu seus estudos preparatórios no Rio de Janeiro. Em 1945, completou sua formação médica na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, depois denominada Universidade Federal do Rio de Janeiro. No ano seguinte à formatura, foi admitido como oficial médico na Marinha, no Mato Grosso do Sul, e logo depois transferido para Salvador, em 1952. Com uma trajetória científica marcante, Aluizio desenvolveu importantes estudos relacionados à esquistossomose, doença de Chagas e a leishmaniose.
A programação também contou com a Sessão Científica Terapias de Edição Gênica com CRISPR: Passado, Presente e Futuro, ministrada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Solano, na sexta-feira, 13/12.
Para a coordenadora do Prêmio e pesquisadora da Fiocruz Bahia, Natália Machado, essa foi uma edição de excelência, empenhada em valorizar a dedicação e o trabalho dos alunos e orientadores do IGM. “Ser idealizadora do Prêmio é um orgulho e ver, nessa 5ª edição, como toda a comunidade IGM abraçou e entendeu a importância desse evento no calendário anual da instituição é motivo de grande alegria. O resultado disso foi um recorde de inscrições, mostrando o interesse dos alunos em participar do Prêmio. Fizemos mais uma edição de excelência, podendo valorizar a dedicação e o trabalho dos alunos e orientadores do IGM”, disse.
O biobanco do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), Bio-IGM, será inaugurado no dia 16 de dezembro, às 14 horas. A atividade acontece no Auditório Sônia Andrade e contará com visitação ao espaço físico do biobanco.
O Bio-IGM tem como objetivo realizar armazenamento de material biológico humano para o desenvolvimento de pesquisas biomédicas e melhor entendimento na patogênese, patogenia, evolução, tratamento e diagnóstico de doenças infecto-contagiosas, crônico-degenerativas e neoplasias de interesse estratégico para a instituição.
A estrutura tem aproximadamente 55 m², composta por uma sala equipada com freezers com temperaturas de -30°C e -80°C e outra com container de nitrogênio líquido para 40 mil amostras, além de área administrativa, recepção e processamento de amostras. Além disso, o biobanco conta com um sistema automatizado de organização e monitoramento de dados associados às amostras armazenadas, com os softwares REDCap e NorayBanks. O protocolo de funcionamento da estrutura foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
Fruto de um projeto institucional de mais de dez anos, o financiamento para o Bio-IGM vem da captação de recursos pelo Núcleo de Excelência em Gestão de Projetos da Fiocruz Bahia, através de emendas parlamentares e do apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT-BA), e do apoio financeiro e organizacional da Rede Fiocruz de Biobancos (RFBB), ligada à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz.
A Fiocruz Bahia realizou o I Workshop da Rede de Vigilância Genômica da Tuberculose (REVIGET), no dia 02 de dezembro. A iniciativa tem como objetivo a capacitação para a vigilância genômica da tuberculose nas regiões Norte e Nordeste, desde a condução de experimentos laboratoriais e de bioinformática em sequenciamento completo do genoma, com foco nos Laboratórios Centrais (LACENs) dos estados do Amazonas, Bahia, Ceará e Pará.
A edição local do REVIGET contou com a participação da coordenadora geral do projeto, Karla Valéria de Batista Lima; com a diretora do LACEN Bahia, Arabela Leal e Silva de Mello; o representante da Diretoria de Vigilância Epidemiológica e do Comitê Baiano para o Controle da Tuberculose, Francisco Santana; com a representante da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, Andrea Salvador; a médica pneumologista do serviço técnico especializado do Ministério da Saúde, Eliana Matos, e a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves. Foram 80 inscritos, entre estudantes e docentes de pós-graduação, profissionais de saúde do estado e do município de Salvador, além de servidores das plataformas institucionais de vigilância molecular e de sequenciamento.
A coordenadora local do evento e pesquisadora da Fiocruz Bahia, Theolis Bessa, explica que a capacitação permitirá um avanço nas ações de vigilância e manejo dos pacientes com resistência aos fármacos, bem como o monitoramento, em especial das mutações que produzirem resistência aos novos fármacos utilizados para a redução do tempo de tratamento da tuberculose droga-resistente.
“Com isso, esperamos que seja possível agilizar a adoção do esquema de fármacos mais adequado às necessidades desses pacientes, com redução do tempo de tratamento, da transmissão, do número de mortes e do custo com o controle da tuberculose, conduzindo aos objetivos da Agenda 2030 que estabelece como meta a redução da incidência para até 10 casos por 100 mil habitantes”, declarou.
A pesquisadora destacou ainda que o treinamento específico das equipes dos LACENs iniciou agora e continua por um ano, ao final do qual está previsto que os laboratórios adquiram independência para a realização do sequenciamento e para a análise de dados. “Para a equipe, o workshop foi um grande sucesso, com vários retornos positivos e o amplo apoio dos gestores estaduais e municipais”, avaliou Bessa.
A Coordenação da Pós-Graduação em Pesquisa Clínica e Translacional (PGPCT) torna pública a Homologação do Resultado da Entrevista Presencial da Etapa 2 e a Entrevista de Heteroidentificação, referente ao processo seletivo 2025.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na categoria Ciências da Saúde. Os novos membros são eleitos anualmente por indicação dos membros titulares da ABC. Foram eleitos 17 membros titulares, 6 correspondentes e 30 afiliados.
Os titulares e correspondentes receberão seus diplomas durante a Reunião Magna da ABC, no Rio de Janeiro, entre os dias 6 e 8 de maio de 2025. Já os afiliados terão suas cerimônias de diplomação associadas a simpósios científicos em cada região.
Sobre o pesquisador
Mitermayer Galvão dos Reis é médico formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, é especialista em Anatomia Patológica, mestre e doutor em Patologia Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB-UFBA). Cursou o pós-doutorado na Case Western Reserve University e na Harvard School of Public Health (EUA).
Atualmente, é Pesquisador Titular da Fiocruz Bahia, Professor Titular do Departamento de Patologia e Medicina Legal (DPML) da FMB-UFBA, Professor Adjunto da Universidade de Yale nos EUA; Pesquisador categoria 1A e Membro de Comitê de Assessoramento de Biotecnologia do CNPq. É chefe do Laboratório de Patologia e Biologia Molecular, da Fiocruz Bahia. Além disso, foi professor titular por 38 anos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e chefe do DPML por dois mandatos.
O cientista também é membro da Academia de Ciência da Bahia, da Academia de Medicina da Bahia e membro Honorary International Fellows of ASTMH, da American Society of Tropical Medicine and Hygiene.
Realiza estudos sobre epidemiologia clínica e molecular e de imunopatogênese das doenças infecciosas parasitárias orientados para o desenvolvimento tecnológico e inovação com ênfase em arboviroses, câncer, doença de Chagas, esquistossomose, hepatites virais, leptospirose, meningites bacterianas e viroses respiratórias.
Estudante: Leile Camila Jacob Nascimento Orientação: Mitermayer Galvão dos Reis Título da tese: Aspectos imunológicos, clínicos e virais associados à imunopatogênese da artralgia persistente após infecção pelo vírus Chikungunya. Programa: Pós-Graduação em Patologia Humana e Experimental Data de defesa: 13/12/2024 Horário: 14h00 Local: Sala de Videoconferência – Fiocruz Bahia
Resumo
INTRODUÇÃO: Desde sua reemergência em 2013, o vírus chikungunya (CHIKV) causou diversos surtos ao redor do mundo, afetando principalmente a América Latina e o Brasil. Os sintomas que mais frequentemente acometem os indivíduos infectados são: febre, artralgia intensa, edema articular, mialgia e dor de cabeça. A artralgia pode persistir por meses ou até anos após o início dos sintomas e, embora já tenham sido descritos alguns fatores de risco, os mecanismos e a imunopatogênese da artralgia persistente após a infecção pelo CHIKV permanecem desconhecidos. OBJETIVO: Investigar fatores de risco clínicos, biomarcadores imunológicos e virais para desenvolvimento da artralgia crônica após a infecção pelo CHIKV durante o curso da doença. MATERIAL E MÉTODOS: Avaliação de 71 pacientes com diagnóstico positivo de Chikungunya por RT-qPCR, seguidos em uma coorte para obtenção de informação sobre desfecho de cronificação da artralgia ou resolução dos sintomas e coleta de amostras biológicas. Para todos os pacientes selecionados foram avaliadas características clínicas e sociodemográficas em visitas realizadas 0-7 e 10-45 dias após o início dos sintomas (DPS), respectivamente, e para um subgrupo (n=25), foi realizado pelo menos um atendimento adicional com coleta de amostras >45 dias de início dos sintomas. Nas amostras destes pacientes foram ainda avaliados: IgM e IgG anti-CHIKV, dosagem de 19 citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento além de dosagem de carga viral de CHIKV e sequenciamento de genoma completo. RESULTADOS: A maioria dos pacientes estudados era do sexo feminino, representando 67% (48/71) do total, com uma mediana de idade de 40 anos. Entre eles, 59% (42/71) desenvolveram artralgia crônica (>90 dias após o início dos sintomas). Esses indivíduos apresentaram maior frequência de edema e eram, em média, mais velhos durante a fase inicial da doença (0-7 DPS), em comparação ao grupo que não desenvolveu artralgia crônica. Nas amostras pareadas, observou-se soroconversão de anticorpos IgM e IgG em 96% (70/71) e 100% (71/71) dos pacientes, respectivamente. Aproximadamente 30% dos pacientes que desenvolveram artralgia crônica mantiveram níveis detectáveis de anticorpos IgM por mais de dois anos após o início dos sintomas. Além disso, níveis mais elevados de GM-CSF e IP10/CXCL10 foram observados nas amostras coletadas entre 0-7 e 10-45 DPS, respectivamente, no grupo que evoluiu para artralgia crônica. Por outro lado, a carga viral não demonstrou associação com o desenvolvimento de artralgia crônica, e as mutações encontradas nos genomas virais não apresentaram relevância clínica significativa. CONCLUSÕES: Presença de edema e idade elevada foram identificados neste estudo como fatores associados ao desenvolvimento de artralgia crônica. Observou-se que o uso de opioides na fase inicial da doença foi mais comum em pacientes que evoluíram para esse quadro, sugerindo a presença de sintomas mais intensos e a necessidade de um manejo específico da dor. Características intrínsecas do indivíduo e resposta imune parecem desempenhar um papel mais importante do que as do vírus na evolução para artralgia crônica. Palavras-chave: Chikungunya, Artralgia crônica, Biomarcadores, Carga viral
Um estudo propõe o desenvolvimento de novos fármacos antimaláricos mais eficientes através da união do medicamento atovaquona (um medicamento já utilizado no tratamento da malária) com os metais prata, ouro e cobre. O trabalho foi realizado em colaboração com grupos de pesquisas do Brasil, Portugal e França, incluindo o grupo do pesquisador da Fiocruz Bahia, Diogo Moreira, e a estudante do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Medicina Investigativa (PGBSMI), Adrielle Sacramento. O artigo foi publicado no periódico Inorganic Chemistry.
A malária é uma doença infecciosa, aguda e potencialmente grave, causada pelo parasito do gênero Plasmodium, transmitido pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados, mas também pode ser transmitido pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo da mãe para feto, na gravidez.
O estudo teve como objetivo verificar se há aumento da eficiência desses compostos frente ao Plasmodium falciparum, especialmente em cepas resistentes a outros tratamentos, além de evidenciar o mecanismo de ação base dos compostos.
A partir de ensaios padronizados como o de crescimento parasitário e citotoxicidade celular, os cientistas apontam que os complexos metálicos desenvolvidos apresentaram alta estabilidade, tanto no estado sólido quanto em solução, o que é crucial para garantir sua eficácia durante o tratamento. Também foi evidenciada sua capacidade de inibir o crescimento do Plasmodium falciparum de forma comparável à atovaquona, sem apresentar toxicidade significativa para células humanas.
A fim de compreender melhor acerca do possível mecanismo envolvido na ação desses compostos, foi realizado um ensaio de “inibição da β-hematina”. No curso normal da doença, durante a infecção, o parasito ataca os glóbulos vermelhos e consegue ingerir em pouco tempo boa parte da hemoglobina, composta pelas proteínas heme e globina, cuja função mais importante é fixar o oxigênio para ser transportado pelo sangue. No ambiente parasitário, a fração “heme” é tóxica ao parasito, mas o Plasmodium consegue convertê-la numa substância cristalina inofensiva, a hemozoína.
O ensaio da β-hematina revelou que os compostos são promissores, já que, além de preservar a eficácia da atovaquona, eles conseguiram inibir a formação de hemozoína, o “pigmento malárico”, deixando a “fração heme” livre, causando toxicidade ao parasito. Ao interromper esse processo de desintoxicação, os compostos metálicos aumentam a concentração de heme tóxico dentro do parasito, levando à sua morte.
Os pesquisadores concluíram que o estudo abre novas perspectivas para o tratamento da malária, especialmente em áreas onde a resistência aos medicamentos atuais é um problema crescente. A combinação de atovaquona com metais pode representar uma solução inovadora para combater a malária de forma mais eficaz e com menor risco de resistência.
O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Medicina Investigativa (PgBSMI) torna público o calendário e as normas para a seleção de bolsistas do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PIPD/CAPES), de acordo com o estabelecido nas portarias CAPES nº 282, de 4 de setembro de 2024, e nº 307, de 24 de setembro de 2024.
As inscrições vão até 17 de janeiro de 2025. Será uma vaga, na modalidade de brasileiro com título de doutor, com duração de 12 meses, prorrogável até 24 meses. Clique aqui e consulte o edital.
A Coordenação do Programa Institucional de Iniciação Científica (PROIIC) do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia) informa à comunidade científica e acadêmica o resultado dos alunos aprovados na Chamada Interna – 02/2024 – AUXÍLIO PERMANÊNCIA DO ESTUDANTE DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA.
Promovido pela Fiocruz Bahia, através do Núcleo Pró-Equidade de Gênero e Raça, o Seminário Novembro Negro: Reflexões e Ações para a Igualdade Racial foi realizado na sexta-feira, 29/11, no auditorio Sonia Andrade. O evento, que integra as celebrações em homenagem ao mês da Consciência Negra, contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-Bahia) e do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB).
A programação teve início com a Sessão Científica, apresentada pela professora da Universidade Federal da Bahia, Barbara Coelho. Com o tema Racismo e Inteligência Artificial: Desafios Éticos e Tecnológicos, a pesquisadora líder do Laboratório de Pesquisas em Tecnologias Informacionais e Inclusão Sociodigital (Lti Digital) falou sobre como o racismo está presente nas tecnologias e suas formas de operar. A convidada também falou sobre a importância de discutir o tema com a comunidade durante o mês de novembro. “Esse é um mês muito especial pra gente, de muito trabalho e muitas reflexões porque nós temos a oportunidade de parar e repensar algumas questões no âmbito da universidade, da pesquisa, da extensão e do ensino, envolvendo questões relacionadas ao racismo, mas também aos avanços que tivemos nos últimos anos”, ponderou.
Em seguida, a mesa institucional foi formada pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; pela coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Presidência da Fiocruz (CEDIPA), Hilda Gomes e pela coordenadora do Sistema de Promoção da Igualdade Racial, Aline Teles, que representou a secretária da Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, Ângela Guimarães.
A representante da Sepromi, Aline Teles, reiterou a parceria entre a Fiocruz Bahia e a secretaria estadual, reforçando o compromisso com ações voltadas para uma sociedade com mais diversidade e equidade. “Espero que possamos fomentar diálogos abertos, construtivos, onde possamos ouvir diversas vozes e perspectivas. Eu acredito na troca de conhecimento e na colaboração de diferentes entes para que possamos avançar na construção de uma sociedade mais justa e mais igualitária”, disse.
A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, defendeu a relevância do evento para a instituição e a importância de promover ações de combate ao racismo. “O racismo está impregnado em cada canto da nossa sociedade e do mundo, e é obrigação de cada um de nós combatê-lo. Nós precisamos disseminar a equidade na nossa sociedade. Hoje o IGM está em festa e o meu coração está resplandecendo”, afirmou.
Hilda Gomes, coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (CEDIPA), falou sobre as ações para equidade e diversidade promovidas pela Fiocruz e da importância de ações como o Seminário Novembro Nebro, que ampliam discussões importantes em meio à comunidade interna. “Eu li uma frase que dizia que apagar as trajetórias é uma tecnologia do racismo. Então a gente reconhece, cada dia mais, que o racismo é super sofisticado…as palavras que nos cercam são: luta, resistência e resiliência”, disse.
Na sequência, Hilda Gomes mediou a mesa: Ações Afirmativas nas Instituições de Ciência e Tecnologia, composta pela professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Dina Maria do Rosário; pela professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Lorena Pinheiro Figueiredo; da diretora do Campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Mirian Reis e pela estudante de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e estudante do Projeto Institucional de Iniciação Científica da Fiocruz Bahia (Pibic/ Ações Afirmativas), Caroline Pinho.
A programação continuou durante a tarde com a mesa Racismo e Saúde, mediada pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves. A mesa foi formada pela professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Suyane Costa Ferreira; pela psicóloga e representante do Coletivo Nacional de Saúde Quilombola (CONAQ), Amanda Glayce Sacramento e pela assessora especial da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi/BA), Ubiraci Matildes de Jesus.
A programação foi encerrada com a mesa Decolonialidade e Saúde, mediada pelo pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde – (CIDACS/Fiocruz Bahia), Gustavo Matta. A mesa foi composta pela pesquisadora Pós-Doc do CIDACS, Emanuelle Freitas Goés e pela pesquisadora associada do CIDACS / Fiocruz Bahia, Andréa Jacqueline Ferreira.
No dia 22/11, sexta-feira, foi realizado o encontro de culminância do Bora Checar, projeto da Fiocruz Bahia desenvolvido com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos e da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (SECTI). O objetivo do projeto foi estimular o desenvolvimento de competências informacionais e midiáticas por meio de oficinas de combate à desinformação voltadas para jovens estudantes de escolas públicas do estado da Bahia.
O evento, que contou com palestras e apresentações culturais, ocorreu no Colégio Estadual da Bahia (Central), uma das escolas participantes da iniciativa. Estiveram presentes também estudantes e professores do Colégio Estadual Maria Isabel de Melo Góes, localizado no município de Catu (BA), e o Colégio Estadual Quilombola da Bacia do Iguape, da comunidade quilombola Santiago do Iguape, distrito de Cachoeira (BA).
Durante a abertura, Antonio Brotas, coordenador da Gestão e Divulgação Científica da Fiocruz Bahia e do projeto, agradeceu à comunidade escolar pela adesão, além de parabenizar estudantes e professores pela dedicação durante as oficinas. “O evento de hoje simboliza o encerramento do ciclo inicial de um processo construído de forma extremamente cuidadosa, desde a elaboração dos materiais didáticos até a relação de confiança entre a instituição e a escola, em prol do combate à desinformação entre os estudantes, especialmente sobre saúde, ciência e meio ambiente”, destacou.
Emmeline Bezerra de Oliveira, superintendente de Inovação da SECTI, também esteve presente e ressaltou a importância de iniciativas como o Bora Checar para aproximar estudantes da rede pública do conhecimento científico. “É fundamental para a SECTI apoiar ações que fomentem a ciência dentro das escolas. Mesmo com o encerramento deste ciclo do projeto, sabemos que o aprendizado levado às escolas será mantido”, afirmou.
Em mensagem de vídeo, Kaitlin Turck, diretora da seção de Educação e Cultura da Embaixada dos EUA, reforçou a relevância de iniciativas que incentivam os jovens a verificarem a veracidade das informações disseminadas nas mídias digitais. “Atividades como o Bora Checar representam um esforço conjunto entre o Brasil e os EUA para fortalecer a promoção da educação, a ciência e a cultura entre os jovens, capacitando-os como agentes multiplicadores em suas comunidades”, pontuou.
Fernanda Brito, professora do Colégio Central, destacou o impacto do projeto na formação crítica dos estudantes sobre o conteúdo compartilhado nas redes sociais. “O evento de culminância não apenas celebrou o projeto, mas também criou um espaço de diálogo entre as escolas participantes sobre as aprendizagens adquiridas”, observou.
Além das palestras, os estudantes acompanharam apresentações culturais realizadas por colegas que representaram cada escola, além de atividades como a criação de mensagens em murais, cartas e memes, relacionadas ao conhecimento adquirido durante o projeto. Para Ian Santos, estudante do 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Maria Isabel de Melo Góes, o Bora Checar foi uma oportunidade de aprendizado e de conscientização sobre o consumo de informações nas redes sociais. “Agradeço a todos que tornaram o projeto possível e espero que futuras edições sejam realizadas”, comentou.
Daniela Silva, pesquisadora de pós-doutorado em Ciência da Informação (PPGCIN/UFRGS) e parceira pedagógica do projeto, afirmou que o Bora Checar demonstra como os estudantes se interessam por fenômenos como a desinformação, pois vivenciam seus impactos no cotidiano. “Para além de vítimas, as juventudes precisam ser reconhecidas como agentes capazes de transformar os ambientes digitais em espaços mais saudáveis, éticos e democráticos. A educação midiática é uma estratégia essencial para fortalecer a formação cidadã, a democracia, a ciência, a saúde e o meio ambiente”, afirmou.
Esteve presente também Ana Mascarenhas, professora do Colégio Estadual Quilombola da Bacia do Iguape, que classificou o evento de encerramento como um momento lúdico e crucial para a consolidação dos conteúdos abordados nas oficinas, assim como a Izabel Silva Bomfim, vice-diretora do Colégio Estadual Maria Isabel de Melo Góes, que agradeceu à Fiocruz Bahia e à Embaixada dos EUA pela realização do projeto.
Realizado entre abril e novembro deste ano, o Bora Checar integra os esforços da Fiocruz Bahia para aproximar os jovens da ciência, saúde e cultura, além de disseminar o conhecimento produzido pela instituição em diversas regiões do estado.
Milena Soares, pesquisadora da Fiocruz Bahia, coordena o estudo.
A Fiocruz Bahia vai realizar o primeiro estudo clínico da Fiocruz de terapias avançadas (com células-tronco do próprio indivíduo) aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o objetivo de testar um tratamento para pacientes paraplégicos que sofreram trauma raquimedular.
Terapias avançadas são as terapias celulares, gênicas e de bioengenharia de tecido, e são consideradas uma nova categoria de medicamentos pela Anvisa. O ensaio, coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Milena Soares, foi aprovado em novembro, após análise dos dossiês encaminhados.
“Para a realização de qualquer estudo clínico envolvendo terapias avançadas, é necessário primeiramente a aprovação da Anvisa, e essa é uma notícia importante neste momento em que a Fiocruz está ampliando o programa de desenvolvimento de terapias avançadas. O Brasil é um país fortemente regulado quando se trata de terapias com uso de células, o que é importante para proteção e cuidado com a população brasileira”, afirma Milena.
A aprovação do estudo é fruto da parceria da Fiocruz com o Senai Cimatec, instituição na qual as células-tronco dos pacientes serão produzidas em laboratório certificado. Com a participação de 40 pacientes e duração prevista de três anos, o ensaio vai avaliar o tratamento com células-tronco da medula óssea do próprio paciente.
“É uma linha de pesquisa que desenvolvemos há mais de 15 anos e que pretendemos validar, avaliando a eficácia e a segurança do tratamento. Caso seja demonstrado que a terapia é eficaz e segura, esperamos que ela possa ser, futuramente, oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) para ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, explica a coordenadora.
A Fiocruz Bahia participou do ‘Seminário Novembro Negro: Caminhos para uma Educação Antirracista’. Realizado na segunda-feira, 25/11, o evento tem como objetivo contribuir para tornar a escola um espaço de formação permanente para os professores no âmbito da educação antirracista, reconhecendo e reforçando a contribuição dos povos africanos e afro-brasileiros na construção do país. A ação é uma iniciativa da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, através do Instituto Anísio Teixeira (IAT), e conta com o apoio da Fiocruz Bahia.
A atividade contou com um público de 200 participantes no formato presencial, dentre eles professores, pesquisadores e estudantes da rede estadual de ensino que participaram ativamente das discussões durante toda a programação. O Seminário também foi transmitido pelo canal do IAT no Youtube para os mais de 430 inscritos no evento.
A atividade teve início com a apresentação cultural do Coletivo MUSA, sob orientação do professor Leonardo Gomes, do Colégio Duque de Caxias. A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, participou da mesa institucional ao lado do diretor geral do Instituto Anísio Teixeira (IAT), Iuri Rubim; mediada pelo professor da rede estadual, Adelmo dos Santos; da Deputada Estadual e presidente da Comissão de Educação na Assembleia Legislativa da Bahia, Olívia Santana; da escritora, pedagoga e arte educadora, Madu Costa; da representante da Secretaria de Políticas para Mulheres do Estado da Bahia (SPM), Candida Silva e da diretora de Cultura, Direitos Humanos e Diversidade de Camaçari, Ana Paula Phiton.
Durante a sua fala, Marilda Gonçalves destacou a importância de combater o racismo no campo da educação, da saúde e das relações sociais. “Nós temos que resistir e não podemos esmorecer porque a luta é de todos. Eu fico muito feliz em ver esse auditório superlotado e saber que estamos comungando com a ideia desse seminário pela educação antirracista”, afirmou.
O professor do IAT e idealizador do evento, Adelmo dos Santos, falou sobre a iniciativa de promover a atividade e da colaboração da equipe de educadores comprometidos com a educação antirracista. “Para mim é motivo de grande alegria estar aqui, não é fácil elaborar uma atividade como essa e por isso eu quero agradecer a toda a nossa equipe” disse.
Para Iuri Rubim, professor e diretor do IAT, a atividade marca a necessidade de entender como a questão racial afeta todos os processos sociais e educacionais. “O Seminário Caminhos para a uma Educação Antirracista é profundamente importante. Nós enfrentamos um cenário de racismo estrutural muito impactante no nosso estado e isso influencia todas as relações sociais existentes. A educação só consegue chegar no seu objetivo se ela enfrentar e entender profundamente como a questão racial afeta os processos educacionais”, ponderou.
A programação teve sequência com a conferência de abertura ‘O empoderamento da mulher negra na sociedade racista’, ministrada por Madu Costa. Durante a sua fala, a palestrante, que é escritora, pedagoga, arte educadora, cordelista, narradora de histórias, compositora, cantora e assessora pedagógica, defendeu o papel da educação como uma importante ferramenta de empoderamento. “A cabeça sempre erguida e olhar no horizonte. Saiba aonde você quer chegar”, incentivou.
A manhã foi encerrada com a mesa ‘O processo de descolonização do negro na sociedade racista’, mediada pelo administrador e tesoureiro da Federação das Indústrias do Estado da Bahia – FIEBE, Rosaldo Alves. A mesa foi formada pela Deputada Estadual, Olívia Santana; pela teóloga, historiadora e professora, Gicélia Cruz e pelo presidente da Associação de Pesquisadores Negros da Bahia – APUB, Romilson da Silva Sousa.
No turno vespertino, a programação foi aberta com a exibição do vídeo ’Vozes e presenças negras’. Em seguida, a mesa ‘Afrobetizar: uma Educação Antirracista’, foi ministrada por Bianca Barreto, professora, mestra em Educação; Doutoranda em dança e finalista do Prêmio Educador Transformador(SEBRAE), com o projeto “Educação Física e Letramento: construindo um Afrobeto voltado para a Educação Antirracista.
‘Educação e Saúde da população negra’ foi o tema da mesa mediada por Marlene França Braga, contando com a participação da professora e escritora, Selma Santos e do professor Henrique Santiago, ambos professores da Educação Básica da Rede Estadual, e da assessora da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), Ubiraci Matildes. O evento contou ainda com a apresentação musical de Rap do Colégio Estadual Eraldo Tinoco.
A programação foi encerrada com a mesa ‘Violência e Vulnerabilização contra a população negra’, mediada por Liane Amorim. Participaram da discussão o delegado da Polícia Civil, Ricardo Amorim; a co-vereadora da Mandata Coletiva Pretas Por Salvador, Laina Crisóstomo e a gerente de Projetos na Plan International Brasil / Escritório Salvador, Elaine Amazonas.
O seminário é mais um fruto da parceria entre Fiocruz Bahia e o IAT/SEC Bahia com o objetivo de contribuir para a discussão da temática antirracista, buscando fortalecer a intersetorialidade entre saúde e educação em torno do tema.